segunda-feira, 6 de agosto de 2018

CARMEN MIRANDA







Sonoplastia desdentada, esta, criando a ilusão de se coincidir em húmus e lubrificantes. Entre água e chama, entre torneiras e lâmpadas. As máquinas acabando o dia, ainda as árvores rastreando os ventos, filtradas pela cortina de uma sala de estar mal ventilada. A porção acertada de guaraná no fundo de uma caneca, se dissolve em um inquérito de gargantas levadas a um tempo de antes à faca. Horizontes de quartzo em medida mal cheia, polegada e meia de mal-estar. Estamos tão-só para aqui sozinhos, sôfregos, embutidos em maresia vária e inconsequente. Ancião e suas rimas de anzol, largando incontinência e desgovernadas âncoras de significados à pele. Sinto muito. Sozinhos, tão-só disto. Sozinhos, manietando mãos aos espectros digitais, tantos às tantas de um, haja espaço e memória para tanto. O comboio chega, vai vazio no andar superior; entregando, bufo, em mãos os aflitos da hora tardia, os fazendo beijar as extremidades laminares da plataforma. Dividindo espaços temporais, um arranjo de mobiliário urbano lambido pelo sol até ver, por mais ninguém se dando ares de um Deus em forma para nunca parecer perfeito. Sinalização horizontal mostrando certo caminho, a quem se atreva a ir ainda, bolseiro de certa fama anterior, em contramão. Subir degraus dois a dois, sempre foi sinal impaciente e saudável de uma pressa em chegar inteiro ao castigo, levado aos fados do ditado e trabalhos levados para casa. Não havendo nada em contrário, se continuarão de nós a mergulhar a côdea de um pão de dias na malga fendilhada, até cima de ânimo e leites azedos. Ficar a pagar tão pouco por coisa nenhuma, é o negócio de uma vida em que nos querem fazer acreditar. A loja dos animais ao lado da adega, é como melhor as arrumo, às memórias deste ser mais a Norte acertando contas c’um diacho. Nos espalhamos ao comprido de um anfiteatro de colcheias e suas posições inquietas, à meia-distância do silêncio. Madeiras e cordas ensaiam o grito pelo interior da esperança, na desintegração atonal em que nos resolvemos. Neste corpo em segundo, tempo em lado algum igual, depois desta hora marcada por garrote de limos e o beijo na boca da alforreca prematura, dada à luz, unha com carne, sobressais. Soberba vítima, ensombrada pelo vermelho-sangue de um chapéu fogo posto négligé, ton sur ton, desmaiado, em uns persistentes furos abaixo de ainda ter estômago para estas coisas. A cinta elegante de um animal passageiro. Sólido geométrico, acrescentando altura e tesão à multidão ordeira do desejo. Te ofereço a paz minguante de um amor a meio da empreitada, e o sentido absoluto de um fémur arruinado por tanto bailarico. Palco com fundo falso, plantado à superfície com umas quantas espécies de reforma agrária atirantada à terra dos céus. Por uns quantos degraus de pedra falsa, são encavalitados os mistérios possíveis, corriqueiros, na prévia maçada de se esperar sentado por certo ruído ou salsifré – somos putas, é isso? Em vários tons nos desdobrando, à mulher e ao homem, engatando noites enganando os dias. Vozes amarelecidas, desenhando ruas para si, desaguando no Centro de Congressos à pinha de ninguém aí, todos saídos já desta para melhor. Medalhas e santinhas de mesa-de-cabeceira, maculando todos os quartos. Hipotecando vida a seguir por esta de aqui ir ficando, em perturbadas conjugações de verbos pobres, descarrilando em conversas paralelas. Alimento de águas tépidas. Plano cortado a tempo. Perder um programa, andar na linha. Metades se dissolvendo doentes, se tornando enunciados, arrefecem mãos lá, ao deus-dará, aplaudindo a desmesura de uma música a arder indo ao fundo do caminho.