domingo, 23 de fevereiro de 2014

DESREGULADO





Simula-te máquina indicada, vazia.
Emite uma disposição – encontras uma de lado ao lugar vazio do motor.
Confirma sempre sentir.
Formigueiro.
A distribuição num ponto corpo.
Uma enfermidade barulhenta ausente.
Ciclo.
Conserva-o corpo, no Verão evita.
Válido apenas como referência, a montante.
Consome hoje amanhã, energia local a que houver num limite.
Período.
Valida leituras imediatas, avarias.
Conserva-o corpo, desliga-te.
Válido apenas para esse específico ser.
Confirma sempre sentir.
Não dobrar, deve ser opção.
Vazio é para fora, avesso.
Comunica a data antes, antigamente.
Desliga-te.
Diário aconselhável.
Associado independente, relativo.
Indicado como normal.
Calendário.
Outros, a partir de resíduos.
Durante a metamorfose, vulnerável.
Acesso, a partir de outros pontos corpo.
Correspondem iguais a emergência.
Extinção, período limite.
Titular Id Nº.
Actual anterior factor.
Subsolo independente.
Incitaste mensagens, trocas? Conserva detalhe.
Ocupação é para além, naquele outro espaço.
Utiliza-te presencialmente uniforme.
A mudança é uma média aritmética, a qualquer momento.
És original emissão.
Válido processado, colocado à disposição.
Autorização.
Provocaste ou outro meio? Confunde-te com o ar, todas as modificações.
Lembra-te, continuarás meio fora nada.
Só antecedência.
Contacta através pontos de fuga.
Estável combustível.
Interrupção: zona responsável.
Acende aparelhos à mão, um sistema de luzes.
Estabelece-te pressão.
Marca o desenho de escadas, afastadas o mais possível do próximo lugar.
Situação conforme.
Explosivamente.
Agravam-se mecânicos sinistros, apreciáveis quantidades.
Desliga-te.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

VIGÍLIA







O ar desconfortável, polifónico. Demasiadas vozes no céu, rejeitadas a caminho do longínquo lugar de Deus – se existe, chegam-lhe as palavras, transformadas em vias de um só venerável sentido, quase imperfeito, a partir da insónia onde se falam os nomes todos. Frases incompletas, nuvens curtas no contorno – de qualquer forma, onde é fim. Deixem-me só, a sós com os outros de mim, e ouçamos a máquina na vez do mar. Desligo-me do que é ainda movimento, grito pelas várias gargantas dos outros e quero saber-lhes do resto do corpo. A loucura nunca é só isto, um lugar onde a hora é a mesma parada todos os dias. Hoje tenho este frio, amanhã os monumentos serão diferentes da paisagem que morre à volta, a pouca altura das casas. Uma segunda pele, segura – onde os elementos se confundem com o rigor das espessuras. Descontinuados corpos, entredentes algum espaço vazio. Uma criança triste confunde-se com a calçada, no adro da igreja – os gatos regressam do rio, pingam peixes doces pelos bigodes, desviados do seu profundo. As soleiras pedras – à luz, à sombra, ao invisível dos cumprimentos diagonais de quem primeiro aparecer no céu. Um traço dela – o que vejo é um candeeiro aceso mais tarde que esta hora. Da noite quase nenhuma, amarelecida nos cantos. Bagagem de mão, na mão casaco na outra…e uma faca escondida.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

BICHOS





Bichos-faz-de-conta…ganham vida, os bichos, e ganham a vida como podem, por dentro de nós, pobres corpos. Imateriais bichos, são o que imaginamos deles a alimentarem-se das sobras de uma pessoa…bichos-da-fruta…alimentam-se os bichos das almas podres – não temas, não servirão as almas para mais nada senão para alimento dos bichos…bichos-carpinteiros de esquadria incerta…ó incautos, vivam vocês para fora e deixem aos bichos o banquete da cerimónia triste pelo último órgão, que seja este o fígado…she-bichos…bichos que nascem já bichos, e outros que se tornam bichos maiores, todos com fome de matéria palpável, que para coisa que não se toca já existem eles bichos…bichos-do-mato…não há quem os veja, enquanto houver carne agarrada às almas…mata-bicho…dos ossos, parece que não apreciam…bichas-da-seda…como nos separam por grupos na roda dos alimentos…dentada!

domingo, 9 de fevereiro de 2014

TEMPESTADE



Ajustam-se exactos – perturbação – alguns candeeiros da rua. Apagam-se no mesmo piscar de olhos, esquerdo e direito, e desfiguram metade do contorno da face da rua. Acima da sua altura, do lado aos ombros, também de todos os outros sítios a partir do seu início, um céu invisivelmente aterrador. Uma linguagem de lugares estranhos, perdidos desse outro lugar onde existem estranhos, confusos. Para aqui desavindos, neste outro lugar que se não sabe explicar melhor. Onde estou, ventos de mão forte insanamente incorrectos, agarram com violência os ramos despenteados da mais antiga árvore que aqui habita. Sempre a conheci enorme, bondosa anciã, a professora do canto diferente destes pássaros de manhãs pequenas. Agora é noite, e naturalmente não existem nestas condições. Corpos de água sufocados pelo ar, a terra que atira em altura o que nela vive, uma árvore. Elementos sem sexo, que se anulam em razões igualmente sem lado. Um cão que se assusta com os ventos, com os ramos, com a água que o ensopa tornando-o lento. E sem o saber, está no exacto sítio das raízes deste mundo de fantasmas. Este cão tem raiva – uma doença sozinha – que arrasta até ao caixote do lixo da berma mais próxima, este tombado desistente. Vêm-se-lhe da boca aberta as refeições de horas diferentes. Tocam-se as duas bocas num gesto incompleto, animal e objecto de contenção urbana. Trocam temperaturas parecidas.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

IMPRECISO



Respirar para dentro do peito. Ar raro. Apertados nadas, um momento que preenche a cavidade do corpo. No interior, assalto à mão desfigurada que nada agarra… O momento é matéria plástica, anuncia-se fluído, escorrega-se-te tudo ali, num instante. O corpo escravo de comportamentos trabalha. Melhor ou pior. Não te preocupes se ainda vês, ou tocas a superfície das coisas. Sentes numa forma qualquer. Uma dor macia ou o seu contrário, seja qual for. Algo maravilhosamente desconfortável. Sentes tudo tão maior do que é, as dúvidas que te atravessam a fronteira da cabeça, ilegais. Exponenciada dor de cabeça que te aflige o contorno dos olhos, obrigando-os a ser fresta…semicerrada impaciência. O coração que exige mais segundos para existir, insistir ser mais, além da sua já inegável função de ser instrumento de precisão. Bomba de arremesso, como se comporta tão bem no interior – balística – para o fundo que se nos escapa, bem dentro…Implosão. Como se destrói uma construção. De ti, impreciso.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

MERIDIANO


Capturar aquém e além, um horizonte. Meridiana urbanidade, os gestos. Dos outros, pessoas, só metade do dia. Depois das primeiras horas, a solidariedade que deixa de haver entre dorso e espinha, na vénia ao meio-dia. Cronométrica desordem, indisposição. Linha traço ponto a partir do cosmos. Mais acima, porventura, num tom carmim prudente. O calendário inteira insistência, da avenida 3 à 31. As fachadas de vidro, do avesso carregam-se de céu. O horizonte é um funcionário cinzento, no escritório da frente. Árvores, em diminuta quantidade de todas de espécies, intrépidas habitantes da cidade – não se desviam das colinas, moldam elas outras habitações para pássaros que não existem quando chove. Naturalmente. Acendem-se algumas lâmpadas, a noite é transparente para dentro das fachadas de vidro. À mão, três pisos incompletos na medida exacta de um pano subido, absorvido pelo tecto. Vão bem com a mobília, aqueles ponteiros do relógio mais afastado.