Mão
que serve outra que sirva terá, de sempre ser assim ser não direita e esquerda
suficiente razão que nos corte o afago à besta fossilizada. Deus das minhas
misérias. Caminho de meia pedra, aresta sentida, a fazer do reflexo uníssono. O engano
da meteorologia sobre esse dia afastado por azar. Incomodar o espelho com a
esfera repetida da mão desengonçada e veloz. Meter o dia na palma da mão de um
desgraçado qualquer ao engano, um qualquer. Encontramo-los, a esses, meio
perdidos a meio corpo mergulhados na orientação dos teus cabelos, desfazendo a
curva na pedra de um mundo. Incorrectas mãos; indicadores atados por um fio de
palavras repetidas. Nuas em pelo, lidas à pele de um segundo passado. Amplificadoras
mãos; à meeira do abismo de boca, esse descampado por urbanizar. Quase tudo
hoje mesmo ao contrário, uns a menos metros cúbicos de terra impraticável.
Estacionar
de marcha atrás no lugar pago ao sol, os olhos numa infância de insecto. Falas trapezoidais,
azedas, invioláveis. A meia altura ali chegado, empurrando formas para a sombra
de si mesmas e depois, as enfaixando com odores de eucalipto. Com mais força a
mão na recepção à tinta, sobe e desce, desmascarando a perfeição das superfícies
acabadas de fresco.
Não
agora, mas será este o movimento repetido na aproximação ao acordo com o
caseiro da morada sem cobertura: me agrada todo o tecido de céu que em cima lhe
cai tão bem.
Comer
com os olhos, perder de cabeça o dialecto achatado das águas. Perder todo o
tempo, para poder ir mais depressa e chegar a horas a lado algum. Dar uma lição
sobre noite, sobretudo, aos gatos vadios perdidos entre as âmbulas do tempo
desmedido alastrando por aí. Indo de encontro aos relógios. Tolerar sua vaidade,
ao outro lado deste lado. Falsa maré afundada num poço de manilhas. Mijava-me
pelas pernas abaixo todas as noites, até há bem pouco tempo.
Nada
na manga. Cavaletes de pau santo, dispersos pelo contorno de fora da praça
visitada, cobertos por panos de cores distantes e indiferentes. Sobras de um
número falhado por ilusionista disposto a isso por pouco. A figura de um anjo
de fora, cunhada na bainha do sonho em posições diversas. Ouso me abrasar, de oníricos
pesares de pechisbeque. Pois meu castigo é me esquecer de tudo por mil e uma
noites seguidas de silêncio.
Um
entra e sai. Sempre tantos sacos rotos pendurados na mão, tão pesados de nada. Ir
de visita à tia solteirona, e voltar de mãos a abanar como antes de lá ter ido.
Cães a ladrar aos que não estão bem a ver o que isto é. Apanhado sou, por olhos
e meias de vidro. Sigo em frente. Finco os dedos no perfil da vítima que me
interrompe o horizonte.
Do
nada, acordava. Pago bilhete inteiro por dia incompleto. Não se mexem um milímetro,
os bichos que me guardam de mim.
Puxar
o ar, acelerando faísca ao peito. Disseste, e teu hálito vive ainda de encontro
à calote de tais palavras as levando à derrocada morna, ao te perguntar como
aqui viemos dar, que sabia eu já a resposta. Se foi já, qualquer amor ontem
consentido. É fraco o que sobeja, um vestígio geométrico do que nos segurou
enquanto figuras de um teatro de sombras postiças. Calculámos mal, a hipotenusa
de nos desentendermos quanto à conta a rachar ao meio. Vamos ficando à réstia
da habitação, para lá cá, no corredor atravancado pela paz podre das muitas
páginas nunca decoradas às tantas de passagem. Tais livros, livros de sons
inquinados, livros surdos de tanto se fazerem ouvir; vozes se queimando ao ar,
se espalhando, batendo lá, certo quociente como consciente de algo pior ainda
por vir. Matemático. Mandamos vir, como sempre o fizemos, e assentamos arraial
no coração das coisas com esquina viva. A monotonia das raízes, cercando o tipo
de letra usada, muito escolhida, à sorte de se poder pior experimentar a
infecção fora do lugar à cautela. Devemos ter forte a declaração de todos os vícios,
de todas essas incompatibilidades que nos estorvam a direcção errada.
O
futuro é, por vezes querer contrário tal termo e impulso. Foi ou não, não vem
ao caso, entendido o sombrio pulsar das cordas se ajustando ao gargalo do
vasilhame. Corpo a menos que só isso. Em jeito, o soluço mais forte que se
consiga expulsando para fora do quarto quanta inquietação domesticada. A bandeira
do signo é uma cortina em branco. Minúsculas de palavras por dizer, engordando
as maiúsculas de si mesmas. Falta já pouco para ser tarde de mais.
O
intenso odor a falência, largado por entre gestos medíocres. Involuntária, a
noção distanciada de que alma e espuma um momento de tempos, uma perigosa
abundância de gosto, mais mar que solidão. A loucura de se antecipar o incerto.
Tudo nos foge por acaso de aqui, aos lugares do propósito e da morte combinada
a dois em tempos. Te fazes de esquecida, e nem isso agora serve é não. Separadores
de betão, dispostos em espinha, e protecções acrílicas acomodadas aos dentes da
nossa fadiga rilhada. Olha não.
Levar
esta prosa a ponto de rebuçado, até que se lhe não distinga pinga de sangue ou
sentido para quê. Faz pouco faz, dos lugares onde passámos à história de todos
eles, desordem e multidão. Serena deriva. Havendo ainda palavras e pouca
diferença entre nós nas idades, distância à origem, fogo e fundação, é levar
pela mão um espantalho até bem a meio de um campo ocupado por milhafres sabidos.
Mau feitio, é dar função aos instrumentos de frase batida, estudar a planta dos
danos térreos, a distribuição das redes, às arrecuas olhando para os lados,
resistir às mesmas palavras como iguais de sangue preso.
Culturas
mistas. Aposto nisso o que não tenho. De graus e natureza tão diferente, vinda
de aqueles ali no imediato vindouro. Amoralizar a constante, arrepiar caminho,
lançar olhar de gente às coisas com princípio. Há uma arte nua nisto, fiando
expressivas linhas de luz nas falas para o boneco, nas falhas geográficas se
abrindo ao lado de um corpo com as mãos limpas. Está frio, passado. É de
mestre, corromper os úteis escravos dos refinamentos. O problema, se o há, se põe
assim mais do lado da utilidade da ordem a dar, do que da forma certa em
fazê-lo. A tudo, um só golpe tropical.
Dar
voz meridional aos porquês, quê do quê, a única prática digna distribuída ao
mancebo de bibliotecas. Tais livros desnecessários, antepassados de uma noite
estreita. Hesitar, vos digo tão só isto, entre estrelas à mostra e cacimbo que
tudo prende à manhã que virá por trás das costas, são só meias pedras as mesmas
histórias regulares. Esse comboio já partiu, a primeira pedra nele entrou. Rompantes.
Disposições outrora mãos, de claridade e ocultação. Um oriente desdentado, a
que se dá graças por não ser já ali já agora. Acabando assim tudo do pé para a
mão. E insistimos nesta lástima, porquê? Pela puta da prosa? Para viver em
união de facto com um incêndio? Se livre a palavra de um profundo sentido,
inevitavelmente não outro que o tempo. Um eco caçador de juízos artificiais. A estranheza
de se exibir o coração e, hesitar muita da vontade por terras de boca.
Deuses
se pondo nos Deuses, esta a coragem de um animal de boas razões e cores
súbitas. Meio abismo onde o vento aguentaste.
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