Acaba-se
o fio à manhã, a tarde se começa a enrolar na rua. Alguém do nada, parte a
conversa que tem com outros. Mais que um a fugir ao giro do olhar, me esqueço
de os contar exactamente. Da berma da estrada pessoa essa, se lança a atacar
uma viatura branca pelo lado maior – bate duas tantas vezes na chapa estriada,
a mão: são velhas e conhecidas, presa condutora e atacante.
Um
segmento de linha feita de perfil tubular em ferro, põe a nu a sua pele. A tinta
do engano, não escorre mais pelo princípio de seu corpo, o fogo da sua forma. Assento
para um daqui, ido na levada fulminante do segredo, entregue a si. Das mãos, lhe
escorreu a memória engordurada dos dias passados por perto tão só. Uma voz
levada ali, para o fundo mais fundo, a servir se o for, numa hora de aperto
jogando-lhe a mão.
Palavra.
Que não tenho
Mão
nela.
Apanha
que é ilusão!
Aos
retalhos, o vulto mal se explicando. E passos, se guiando às apalpadelas por
dentro à curva do pensar. Tambores ecoam na sala dos fundos. As paredes, são o
coração que me falta, a contracção surda da ausência pelo corpo fora. Filme anavalhado,
pintado à mão, fotograma a monograma. Um piano paciente mete o bedelho da tecla
sua soando plana, por entre os espaços deixados vagos à passagem desta
tempestade de pele malhada. Os executantes são vários, e que bem frisam a
tessitura densa do meu apagar daqui, deste tempo só este.
POM! POM! PORROM! POM! POM!
POM! POM! PORROM! POM! POM!
«E
por motivos estéticos…», narra alguém por cima ao silêncio impuro que se segue.
Várias
vezes ninguém, todos mortos. Sobra a relíquia do olhar, por extenso os
pássaros, ocupando os espaços mortos. Na realidade uma outra vez; morte
circular, dias repetidos. Ao relento, aderindo à decalcomania da voz fora dos
eixos. Abrindo mão de vários nadas, morrendo para a vida, abdicando da
respiração dos outros. Mãos pingando palmas para a noite monótona. O relógio,
uma marca no pulso desenhado com sangue.
PORROM! PORROM! POM! PORROM! PORROM!
PORROM! PORROM! POM! PORROM! PORROM!
Se
intrometem, vindos à rede destas linhas descosidas, a lembrar que fim é quando
for. Rosto sujo, da vida um brilho apodrecido, nos olhos levantando um sonho de
véspera. Oxidado. Pessoas falavam ao longo da estrada. Desvia-se a atenção, breve,
para o peito do insecto temível, desalinhado pelo sangue confuso de dizer. Água
pelas barbas dos braços, desenhada a boca, branca de saliva.
POM! POM! PORROM! POM! POM!
POM! POM! PORROM! POM! POM!
Tarolas,
bombos, esquinas de corda frequentadas pelo gesto consanguíneo, em avenças de
estilo impróprio. A derrocada de um tempo esculpido na pele. Som de fundação, amarrado
às paredes da terra que se veste dos corpos no interior. Pessoas na rua,
obtidas à mão, escorrendo suas manchas e maxilares de peixe fora de si, da sua
água. O leve vestígio de um pulso. Outro. E os olhos, se alguém perguntasse. Trânsito
de vento mais forte, ainda.
Que
ficasse – ficou. Que ficasse, quando tivesse à mão uma pedra à força de ir
dele, quando os dedos travassem misteriosas crianças sobrepondo imagens de
chuva com vários dias, vasculhando um instante não pavimentado, ao longo da
paisagem feita de vigas com esquinas torneadas.
PORROM! PORROM! POM! PORROM! PORROM!
PORROM! PORROM! POM! PORROM! PORROM!
A
voz seguinte, bebiam. O olhar a cair sobre um terreno pintado de fresco, num
óleo aos gritos, fervente, fixando maneiras, nomes de forma esquisita, num
imenso terreno onde os dedos se precipitam, longe uns dos outros, para o papel.
Desenho sem sombras, tempo presente a não ser qualquer destino. Ficasse em
segredo, talvez assim…
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