Fala só, que quase te esqueço, última sílaba, à deriva
pelo nome que é o teu incompleto na minha boca ausente. O esboço carregado do
que não existe de ti, inundação de espelhos, o braço irregular por fim a mão,
estilhaçada em reflexos – entredentes a rejeição da tua margem trágica. Vem só,
nem que seja através de uma fotografia, em que te percebo central à estação
mais quente desse ano inumerável - centelha constrangedora de sol tu és. Nunca
sei o que vestir quando estás e aconteces, o que fazer demais ao corpo, para
que atravessemos juntos a difícil areia antes da praia de baixo aos pés laterais
às árvores de sombras que aí se dão. Ton
sur ton até ao transparente da recordação da tua cintura desviada – só a água
das nuvens em conta-gotas, é ampliação suficiente para o que esqueço do teu
diâmetro de olhos, interrupção da pele contínua que me altera por inteiro. Elementos
de água irregular que te arrastam de volta param no limite do céu imperfeito de
onde nunca saíste: afora ser minha distracção. Fala só, por entre o inconfundível
desnorte da minha direcção, largada aérea dos animais variados do que sou e
não, rente à estrada principalmente deserta. Minto ao de mim inclinado,
separado pela última espessura da pele que te não pertence além do lençol que
cobre outro nada de mim, num lado esquecido pelo catavento manufacturado com a
parte óssea de um peixe de terra, colocado no abismo da cabeceira terreno
vizinho à cama. Vem só, deixa para sempre a tua família de desencontros
conjugados nas formas todas de ser planta carnívora das nuvens, espaços
ocupados pela forma de dizer botão despejado da sua casa descosida – roupagem dispersa
por cordame cansado das bestas de aço antigo, pacientes geometrias de precisão.
Relojoeiros de espaços abertos manuseiam o material único de sal anulado,
impróprio para as feridas que ultrapassam o centímetro quadrado, beneficiando
esculturas de luz sobrante às coisas equilíbrio instável no princípio do teu nome.
Noite adentro precipício do corpo, desequilibrado no interior de uma roupa de
lã incómoda porque é a tua medida de braço e não do meu a mão que afasta a
ideia de um gesto da boca – a tua é a mesma que diz distúrbio e é branco o teu
contorno nessa noite onde quase não existes, traçado pela mão disponível que
esgravata a palavra superficial com um pedaço de lenha inoculada de inverno.
Vem só, deixa o teu território de rio e atravessa a nado o delíquio da minha
ignorância – estou de pé na margem, amarrado a um cesto de vime vazio de
detalhe, entoando uma canção triste na ponta de uma marreta, música de
construção inversa. Preenchimento de fendas aleatórias na junção dos materiais
incertos em inícios da mesma parede desencontrados. Do outro lado divisão, o
desenho de um mapa de inexistências onde o teu coração assinalado na ponta de uma
faca, imperfeito músculo de gente deslumbrante. Encontram-se estranhos em
desvios intencionais ao corpo que se perde da carne para outro estado de
existir. Como então não sei, amanhã as costas voltadas para o mar que não
obedece àquele corpo neste, ritmada saliência. Não te pertenço como a nada
consigo pertencer se me não altero – embriago-me de corpos que dançam na
penumbra dos espaços e de álcool se não existir outra coisa. Fala só, num lento
perpassar – pele cosida – pela tua pele de superfície pontuada de vertical
impertinência. Adquiro o tamanho do arremesso a um só lugar, é carne que te não
pertence. Do animal anterior ao nome, rasgado pela memória da terra que nos
anula o peso posterior da queda. Fala só, veículo desconfortável em contramão
noutro lugar com esquinas e arestas vivas, devorado pela ferrugem de predadores
húmidos, vestidos de dia alguns da cintura ao joelho pouco mais abaixo. Que me
deseje o novo dia à luz e vista desarmada – me aclaro calmo, enquanto o céu não
se turva da animália florida de incisivos. Vem só, boleada berma dos sapatos,
meu palco instável onde danço à frente de ti a coreografia alternada da calçada
bicolor, indiferente ao teu momento simples apenas movimento assinalável do
corpo que desvio com um assobio raso de pássaro. A partir da berma – a criação,
em série, do alimento alegórico dos pagãos – música de sopros o coração que a
engole atómica, do mundo em que se emagrece encontro o outro. Infeliz
coincidência, colisão provável – separa-se algum do vento mediano às coisas construídas
– na parte que me não altera o pleno do grito aprisionado nas vértebras se te
encontra. Alma fulminante é de ti que sou e de outros a prazo, nunca mais
rápido. Como hábito, espero pela ruína da última espessura – pátina – amaciada por
munições de rocha definitiva. Sóbrio descreve-se o meu líquido graduado de todas
as misturas – um estado. E estou hoje um nada mais alegre, distinguível pela pálpebra
nervosa, alfinetada de veias instáveis tão só. Ser feliz – a estatística absurda,
mineral. Liberta-se da terra inorgânica, irresponsável a voz engarrafada em
nomes vítreos, das coisas pronomes pessoalíssimos para quem mal se conhece.
Custa-me respirar e ser vapor mesmo assim, profano o corpo à tua luz em imersão
frequente de polaridade – um jogo completo de ossos. Sinal no corpo a tua
influência.
Sem comentários:
Enviar um comentário