sábado, 7 de junho de 2014

ROTINA






Mato-a ou
Quase dentro de mim
Mato-a ou
Morro eu a tentar
Não ter medo
Dos seus dias
Da sua surpresa
Da alteração de tudo, geométrica disposição
Das entranhas
Da rara coisa que amo
Sôfrego, fiel a um só nome
No feminino: rotina

Altera-se trágica
Num dia, desenha-se
Uma parte de outro
Dia, também
Impossível, um traço
De cada um de nós, um
Segundo

A seguir, sirenes
Tão urgentes
Como já eu fui
Um dia

Saber que, ali
Não estava mais
Perdido dos outros, estava 
Sozinho, entre paredes imaginadas
De giestas, cortava-me
Superficial no horror
Desenhado por um, o meu
Rosto

Todos os dias são
Como esse dia
Foi: uma decisão
À tangente, preferir
O de mim fracturado
Exposto ao céu, ali
Ter tempo para mais
Uma flor, um vento, qualquer
Coisa que arda
Na minha vez, suplico
Aos necrófagos: não se atrasem

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