sábado, 14 de junho de 2014

INTERRUPÇÃO





Do princípio digo
Uma imagem, universal:

A falência do último órgão
A própria morte
Em roupas interiores

É passagem, para outro estado
Da matéria contaminada
Do excedente, sanada
Com um grito rouco, se se justifica
A nota estridentemente última desta
Canção arrastada, superficial
Isolamento da pele
Em movimento

Um alçado, único
Bicho nascido:
Tardoz transgressão, cesariana
Á alma do corpo

Do princípio digo
Uma imagem, universal:

A morte intrínseca
Pertence-me como a ti
Pertence: uma coisa
Que sofre de uma vez, só nossa
A dissipação temporária

Vi-a recentemente – á morte – como uma
Pintura de guerra
Debotada

No espaço exíguo, poucos
Móveis: uma cadeira
Da madeira, violenta
Herança de família
Onde me sentei
Em criança, a mesma
Criança que dá a mão
Á minha mão
A morrer, naturalmente

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