Por
insolação a mão terna
Nasce
do ancião, um deles
Áspero.
O mar afastado
Do
seu rosto, um nada de Inverno
Pela
linha de terra
Do
seu olhar. Artificial a luz
Ilumina
o cordame das suas vestes.
Pontilhar
como a expressão
De
um corpo deformado assim
Em
nódulos. A paisagem
Da
pele se perde, pelas esquinas de um
Esqueleto
tranquilo.
Tantos
os dias vezes a memória
É
toponímia da cidade
Em
braille. As ruas tocadas, de perto
A
ponte iluminada pelo impossível
De
uma lua forjada
Em
ferro, costurado o ser
Às
peças. Dos comboios se atiram
Para
a pontualidade das ruas. Aqui tão perto se atiram
Estas
juras de amor à pele. Bagagem de mão
Esquecida,
retorcida
Por
entre a amálgama de seres
O
que se pode. Mais não
Se
exige em silvos. Esbraceja assim
Pelas
superfícies de ficar
Nu
em pêlo. Um hábito
É
a súplica texturada da pele acompanhada
Por
uma boca amarrotada
Em
texto. A ansiedade
Das
coisas por acontecer, tem o lugar
À
cabeceira da mesa. Imaginam-se
Como
talheres as cores primárias, farmacopeia
Desorganizada.
Refeição magra, a escuridão
Alimenta.
Cada fissura
Se
torna um abismo. Me lembro dele assim
Ancião,
triste pelos dedos
De
uma mão – que digo eu?
Seu
som diferente
De
diversos. Para montante
O
que dele sobra
Em
contornos. O que percebo
Pelo
ouvido: «dêem de comer ao menino»
A
quem por lá andasse, se por mim dava
Agitado
à sua frente. Começo
Nem
sempre acabo. Assim. Agarro se posso
As
franjas do que sou. Graves, até onde
Se
estendem em nomes, mal
Partilhadas
as heranças de cada um
De
mim nas ombreiras. Experimento a rapidez, no que é
E
se preciso sufoco, incompleto
Por
assim dizer. Se não o faço,
Escrevo.
Nos intervalos de tudo
O
resto, o que me despedaça
Em
múltiplos. Por eles. Escrevo
Contado
por tostões, me embriago
E
enlouqueço. De todo
E
tudo tão rápido conto
Pelos
dedos uma estória
De
bermas, até onde
Me
lembro. De mim em pelicula
Violentada
com a lâmina
Em
diagonais. Emudeço
Fora
dos tempos, dessincronizado
Com
a curvatura das costas, ângulos
Acidentados
pelo solo. Aqui
Acabo
em rasuras. Por vezes.
Volto.
Volto sempre. Ulterior
Às
arestas, a minha angústia. As sombras
Continuam
a ser corpos, continuam
Enleadas
pelo magnético fronteiriço
De
um Norte. As gentes
Resgatadas
em movimento
Interior
ao resto, por momentos
Elevo
o tom, em tramas
Riscado
o rosto à escala
Da
cidade estreita. Confirmo
O
céu que se move, ateado a um
Final
de tarde: o cheiro a queimado
Provém
da matéria
Em
combustão, pela superfície de todos os lugares
Em
abcesso. As frases se elevam, ouvem-se
Freios
aconchegados aos ossos. Algo
Anima
os motores, assim
Se
tornam independentes dos seus
Mecanismos
por cremalheiras, assim
Acelerados
por impulso, cada um
Como
cada qual. Vou
E
não quero ter de ir, então forço
A
frase que seja para prolongar
E
preencher de céu
Natural
a minha cor igual a tantas
Como
esta folha em branco. O que vejo
Possível
em tudo, as pessoas
Atravessam
– motim – as passadeiras.
Alteram-se
as buzinas pela atmosfera
Descontrolada.
Do outro lado da estrada
Quase
não se dá por uma fissura, esta
Afastada
pelo esquecimento
Isométrico.
Ainda
Tenho
tempo para, por ali,
Ver
desaparecer duas figuras.
Dois
homens: um tinha uma mochila
Às
costas, pouco mais consigo
Dizer
desses dois. É o que fica.
Pelo
intervalo da tarde
Me
acomodo. Por entre
A
arquitectura nervosa de um
Interface.
Escolho a saída
Escura,
onde é
Quase
sempre noite.
Um
cigano aproveita as beatas
Ainda
quentes dos lábios
Que
não as aproveitam até aos dedos.
O
difuso da luz, em queda
Livre
pela estrutura de betão
Mantém
o que desejo do movimento
Dos
outros, a uma distância
Segura.
De qualquer forma
Estou
aqui a um passo de ser
Mistura,
no início desta
Câmara
escura onde se projectam
Os
motivos que me fogem
À
pena, escolho alguns
Para
o sentido a dar a esta
Escrita
desconfortável. De pé
Encostado
a um murete, estremeço pelo frio
Da
voz mecânica que se torna
Mulher.
Mantra indelével, ponto
Pesponto
na boca
De
cena. Saem os personagens, incomodam-se
De
passagem pelo palco
Do
vidraço. Um véu de fumaça nasce
Do
assador de castanhas, porventura o primeiro
Desta
estação na cidade. É levado nos braços
Do
vento, acaba acidentado contra
Um
painel de azulejos
Que
ninguém vê. A parede mestra
Sob
o discurso metálico
Das
carruagens que se não demoram
À
superfície. Por vezes
Há
um quase para haver
Um
barulho. Terno, diferente
Do
caos que se estabelece. À tabela
Até
um avião que passa é
Afago
no rosto
Desta
estridência. Habituei-me
À
fala com os geradores. Com estes
Convivo
em paz, depois de tudo
Tremer
à volta, a cercania
Das
crianças em jorro
De
dentes e joelhos em riste
Assustam
as nuvens, com as suas
Canções
abraçam o próximo. Depois
Se
afastam para as suas casas
De
contar. Alfanuméricos os abraços
Com
nome. De quem diz
Amo-te!
Como foi contigo,
O
teu dia. Aprendeste?
O
negro que, aqui, mora
Leva
a tarde com ele
Apertada,
sem espaço que sobre
Depois
das mãos. Nos bolsos
Se
resolve por um canto, a que se dirige
Por
frestas [Amo-te! Diz-se assim
A
um espaço?] mija o contorno do corpo
Que
é seu, em sombra
Se
decanta. Outro dia
A
chuva começa a ser corpo
Pelos
incautos aos que se lhes escapou
Um
vento diferente no tom
Encerrado
do céu. O olhar
Rápido
procura uma esquina
Em
desencontro, os ângulos
Abrigados
da nostalgia
Desta
hora. Correm alguns
Pelas
bermas inclinadas, entre duas
Vias
de intensa circulação. Onde
As
máquinas se fingem, absolutas,
De
normalidade. O dia dobrado
Pela
chapa. Abranda um pouco
O
mesmo homem que ainda há
Pouco
se isolava, numa dessas ilhas
De
beatas, estilhaços arremessados
Pela
fúria das gentes, as suas
Correntes,
engarrafadas
No
seu hábito de vidro.
Voltou.
O que procura ele?
Inclinado
para a base
Que
o segura, agregado de carne.
Voltou.
O que procura ele?
O
que perdeu deve ser
Pequeno,
à medida da mesma mão que revolve
Estas
insignificâncias depositadas pelo vento
Dos
outros. Em abstracto nos distraímos
Deste
homem. Que nos copia a todos
À
nossa passagem, assimilando
O
melhor dos gestos de cada um
Como
se estivesse
A
escolher uma ferramenta adequada
Ou
a arma perfeita.
Sem comentários:
Enviar um comentário