Sombra, vestígio desirmanado do que é
Princípio
e lugar ao mesmo tempo
Respira
por espaços. Arquitectura
Impensável,
a diagonal do pó
Sobrante
se acomoda, pelos ponteiros
O
coração desaparece. Âncora levantada
De
um fundo em erosão, o que somos,
Por
momentos uma imagem no limite
Respira
por nós – desenquadrada
Pelas
têmporas. Delicada. Pressão qualquer coisa
Que
se exerce sobre algo de um
Espelho
de água, imune às pedras
Conjugadas,
arremessadas
Em
particípios passados.
Sombra,
vestígio desirmanado do que é
Mais
espesso ao corpo que somos, aí
Vem
a tempestade – calandra – disposta a
Dobrar-nos
pelos cantos.
Uma
e mesma voz, assim desenhada
No
silêncio. Acordam
As
memórias, batelões despertos
Em
estrondos de matéria
Férrea,
acorrentada
Ao
nosso peito. As sirenes pertencem
Em
estorvo, ao que começa por ser
Mero
grito às direcções, pela boca
Se
estreita um rio em braços
Que
nos pertencem até
À
partícula. Grão instável, imprevisível assim
Mudo
de enquadramento. Em segundos
Descafeinados
sem princípio
Perturbador.
Um vinho repetido
Até
à carne, a sonolência de um
Gesto
acentuado pelo corpo
De
um outro. Poderá ser fruto
Mordido
nos braços, enquanto sobra
Da
mãe essa candura de sílabas
Mornas,
que dançamos em pontas
De
lábios. O sossego que fica
Para
lá da última curva
Do
ventre, raspado com violência. Aos estremeções
Todos
os verbos digitais, volúpias com contorno
Desconhecido.
O primeiro adeus
Mente
à alma entre virilhas.
Um
pé que se corrige, desfasamento
Em
curva, acidente
Ortopédico
o caminho do qual
Não
sabemos onde nasce
A
última erva. De tudo
Um
passado se intromete
Pelos
poros, perguntamos
Em
sangue. Os olhos se deformam
Em
rios rápidos, marcados
Por
um instante. Interrupções
À
pena, uma tinta suspensa
Das
imagens que se escondem de nós
Em
tardoz, imperceptíveis
Senão
à linha, o momento é
Apenas
diferente nas suas margens.
Árvores
enormes caem
Do
infinito bravio, os seus ramos declamam
Às
curvas do vento despem-se devagar,
Alteram-se
pelas diagonais traçadas
As
agulhas. Facas empunhadas
Atingem
um sol, à traição
Multiplicadas
por todos aqueles
Que
se atrevem à hora do meio-dia
Pela
rua sem árvores, reproduzem-se
Do
tamanho de cada um. Naipes
De
resina igual. Os seus braços
Alteram
a sombra com amor
Desajeitado.
Na mesma corda
Que
nos ata o coração. Na mesma cor
Ascendente
e árvore, lentamente
Um
só alçado. De tempo parado
Uns
graus abaixo da canícula
Do
mundo. Manejo pedras
Já
queimadas em uma outra fogueira
Por
alguém, outro pai que não o meu. Pedras
Ensinadas
ao assalto, à dimensão do espaço aberto
Pelo
lacre que escorre em chamas, de uma
Carta
aberta. Suas palavras pétreas
Escondem
o tempo, o que foi
Periférico
a nós em estórias. Uma parte esquecida
Pelos
sonhos, cedo vão
Em
espécie alguma de acontecer, assim
Incompreendidas
entre o que sobra
Da
noite e a monotonia
Da
tarde. Por ela, certo peixe
Que
persegue os outros. Por medo. A medo
Segundo
certas testemunhas oculares. Eles ficam
Ao
pé da sua boca, eu finjo
Que
fui e não
Volto
e não quero
Saber
do dia seguinte. Repito-me
Pelos
outros, eles
Se
separam, se despedem
Por
mim. Paro
Sempre
numa paragem antes, saio
Do
destino – para aí
Escrever.
Dobro a tinta,
Recolho
a linha mais tarde
Volto
à vida, serei outros
E
outras coisas. Não
Demoro
se o faço e se acontece assim
É
por chegar cansado. Atrasado
De
um outro lugar, de uma hora
De
respirar demasiado
Rápido.
Expelir à maneira de suor
Esta
folha e precisar de outra
Limpa,
isenta sem o ser uma
Margem
seca afastada da água
Do
meu humor. Moedas de mil caras
Translúcidas
se fazem
Dançar,
um apelo
Em
estrofes. Caras e coroas
Em
que tocam as mãos
Esmaltadas.
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