domingo, 7 de junho de 2015

AMARGO







Um olhar preciso me fere
De frente se atravessa com a velocidade
De quem tudo perde
Neste ponto.
Feições arreganhadas no corpo
Em alicate o braço
Segura o leito
Desmembrado da insónia.
Vida mulata filho da preta
C´um raio
Desapegado, postiço
É o sol seu pai.
No semblante contorcido
Até não ter ângulo
O silêncio é sua estridência.
Da tragédia descansa
Uma esperança sem cor
Na maciez boleada
Nascida no ombro
Da mãe.
As mãos entrelaçadas como
Um chão onde
Se estatela um rosto
Demasiado magro
Das imagens que ficam
Por amanhecer.
O querubim estático e negro
Pousa o polegar
Na boca em febre.
Cabeças rapadas e outras
Debaixo de um telhado
Tecido com rendas.
A palavra expulsa
Com estrondo, a porta
Na garganta
Se fecha, a boca
Cimbrada em toda a extensão
Pelo espanto em perfil.
Esse olhar refugiado
Na terra do outro
Que é multidão
Para quem não conhece.
A sombra que faz
Um segundo apertado
Pela mão em ponteiro, cravado
No baldio de um
Rosto. Cinzelado pela vertigem
Um espaço com parede
Ao fundo.
Inclinadamente militar
E vadio. Juro
À pátria que é todo
O sangue pontapeado
Pelo meu coração.
Assomam fantasmas
Queixo caído, vívidos,
À transparência suas mãos
Cortam os nós
Na serralharia afiada
Da guarda que os protege,
E se perdem em um encontro
Com seu hálito
Simétrico. Oposto
Em temperaturas, um final
Que é dia e lugar
Para o ser, coisa
Nenhuma. É a sede
Por estilhaços, entendo
Toda a cor
Que me é apontada
Pelas vidraças, quando se despem
E se despedem
Do abraço apertado
Dos vãos, dos quais
Se separam
A caminho do chão.
A poesia, sua pele
Acondicionada por arames
Retorcidos, queimados
Pelo óleo da noite.
Portas encerram
O capítulo do espaço,
Para lá ficam, apertados
Estes rostos quando esboçam
Um desalento na maior
Medida. Que outra ciência
Melhor os traduza
Para quem está
Deste lado
E ao contrário.

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