O
chão acaba
Ao
poema. A sombra
Que
dispo, quando
Em
ti fico de súbito
Sem
pé. O animal se segura
Às
linhas da folha, jura
Só
por si à medida
Que
se aproxima e estanca,
Devolvendo
a imobilidade
Como
imagem àquela
Água
parada, na berma.
Tenho
fobia ao horizonte
Repetente,
ocupo
O
lugar à sua construção,
Perturbando
a escama
Do
silêncio. A intempérie
É
toda luz
Que
eclode de um
Sonho
vívido e seu igual
Estranho
à mesma, uma
Realidade
aumentada,
Amputada,
aferida por um
Segundo
imperfeito, criando
Tempos
ao tempo
Por
dentro costurados e
Sem
portas uma estrada
Uma
só e todos os sentidos
Se
confundem.
O
grilo não tem voz,
Como
não tem do pé
Para
a mão, a tradução
Para
a dor. Resta
O
fado da espécie que
Ecoa
inclinado, efémero,
No
mesmo sentido em que
Vou
adormecer
A
noite, não se vê assim
A
olho nu não se dá por ela
Esquecida
que está
A
um canto, caída
No
fim de um chão
Que
desaparece para lá
Da
camada de desgaste,
Articulada
para ser
Compactação
de pontos
Singulares,
desajustados e
Acomodados
à mão
Pelo
artífice que molda
Toda
memória falante.
Ao
infinito o que é dele
Por
entre a ilusão de ser
Um
tudo-nada diferente
Na
voz ensaiada única vez,
Apertada
contra o peito;
Decorado
pela multidão,
Todo
ângulo é desperdiçado
(Seu
gume)
Na
cor branca desafiadora
Que
o dia outro, escrito
Pelos
corpos acima
Do
nível de metro.
A
limalha imaterial
Forma,
com rasgo,
A
ferida do olhar em um
Momento
imediatamente
Antes
de acontecer
Gesto
ou acção, gratuitos,
Conforme
ao modo de ser
Do
caçador furtivo,
Que
me emociona, incomodado,
Com
a captura do seu jeito
Na
armadilha da lente
Minha
fotografia.
Dada
a mão ao esqueleto
Da
ternura, sobressai a nota
Da
canção que se sabe
A
dois, e deste número
O
desconforto da luz
Que
se despenha, aguçada
Faca
a atraiçoar
A
mancha informe
Desta
criança em ponto
Na
hora do meio.
Olhar
em frente e sempre
Na
direcção mesma que é
Saber
mais que há pouco,
E
provocar dano,
Com
esta matemática
Colateral,
se despedindo
Das
frases com sentido
Oculto,
sua condição
Em
relevo é barbote
Inquinador
das construções
À
vista atirantadas,
Sem
lugar para o ser.
Mantas
de retalhos:
Espalhados
os destroços
De
carvão, acentuados
No
papel vegetal
Dos
anos. Um vento
Como
outro
Aceno
a um desconhecido.
Sua
prótese uma perna,
Para
ali atirada, esquecida
Por
este viandante
Que
anda só
De
ver. À justa
Os
atacadores prendem
A
atenção de um olhar
Ao
chão.
O
pilar aguenta
Dois
arcos e voltas
A
ser pedra, preferes assim
Deixar
alguns
Espaços
em branco
Na
calçada imprecisa
Que
separa os elementos
Alma
e rua.
«Por
nós e por ti», não
Deixo
de sorrir
Enquanto
vejo que não é
Nada,
é só
Papel
de parede. Tão velho
Que
não chega
A
ser verdade, uma
Letra
mais carregada no início
Da
esquina que vira
Para
os teus lados, precisamente
Na
garganta a artéria
Se
emenda pela ilusão de
Alguém
estar quase a aparecer
Por
ali. Tão velho
Que
não chega
A
ser mais do que
Mera
recta para o céu
Se
despistar, de encontro
Ao
ângulo traçado
Pela
lomba
Do
teu cinismo
E
uma perna-de-pau.
Roupas
e muletas,
Andrajos
encostados ao corpo
Explicando
a paisagem
De
um plano para outro,
Tocadores
de acordeão
Desnivelando
a sombra
No
rosto, parcialmente escondido
Pelo
feltro do pensamento,
Desafinado
pelo sol.
A
caveira sorri, frontal
Grande
plano,
São
ossos o que estorvam
Esta
linguagem, uma liberdade
Impossível
de ser tocada,
Um
perfil betumado
De
ilusão é tudo
Quanto
te peço
Para
o evitar.
O
monumento aos deuses
Por
nascer, esperando
Ser
corrigido por uma
Tinta
de cor diferente,
Suas
palavras escritas
Por
um punho incrédulo,
Na
legenda a seus pés.
A
arte da pedra
Amaciada
à força,
Descarnada
por um olhar
Seguro
de si,
Apontado
a escopro.
Lhe
seguram os braços
Ao
menino, sua infância
Apedrejada
pela dúvida
De
tudo ser escala
A
si maior.
Olha
para o chão e
Sente
vertigens
Por
o chão ser infinito
A
despoletar essa dúvida
E
caminhos.
Pontos
de luz imensa,
Apunhalam
e atravessam
A
malha da noite
A
dois tempos. O motor
No
lugar do coração
E
todas lágrimas derramadas
Como
combustível.
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