O
poema é arrastado
Pela
lama das ruas, não
Existe
sem ser
Pretensa
marga modeladora
De
expressões articuladas
No
subsolo muscular, num
Rosto
suficientemente
Compacto.
Arrepiar
caminho.
Vincar
num rosto o tecido
Da
palavra, quase não permitir
Que
esta deixe
Impressa
sua marca apagada
Imediatamente
pelo movimento
Do
cilindro normativo,
No
pergaminho da pele
Que
desprezo
Como
título.
Espaço
microperfurado,
Por
onde desagua
Toda
a intempérie, afiada lâmina
Liquida.
Matéria turva
A
olhos vistos.
O
poema ganha
Altitude.
Transfere céu à asa
Do
coração. Sensível do rapace,
Imitar
sua ordem,
Simultaneamente
confundir e
Sua
pressa quebrar
Artificiosamente,
dando
Coices
ao ar
Das
formas. Provocando
Assim
sua cegueira, em pleno
Voo,
por instável
Andamento
de géneros
E
motivos.
Largo
no céu
Da
coisa dita, a tempestade
Formal,
esta circulação de todos
Os
defuntos aligeirados
Na
sua matéria
Ocasional.
Tráfego
Intenso
em hora
De
ponta. Afiada,
Com
tempo, no teu rosto
A
imagem imóvel.
Abandonamo-nos
à fome
De
tudo, mastigamos
A
côdea
Do
cosmos.
Que
é sempre uma canção,
Sabemos.
Nisto,
ela, insiste pois
Para
que
Todos:
monstros ou
Incautos
– cápsulas do tempo – tenham
Um
pedaço de giz
À
mão, iniciando
O
sinal que somos
Ao
eixo da via. Impossível
Terra
de nome
Cravado
no tardoz
Deste
alçapão. Manuseado
Por
essa mão única, infrutífera,
A
acalentar escuridão
Em
lugar dos candeeiros.
Que
se perceba, para
Nós,
os domingos
De
sempre (pausa
Semibreve)
um dia de avanço
Ou
aviso
Sonoro
– é um louco que grita
À
nossa porta
Que
não é – “ Não sou
Maluco!
”. É,
Vou
fingir
Que
acredito.
Este
apego ao tema
Da
morte colectiva
Dos
outros, depois de mim,
Que
é pouco
O
que interessa
Fazer
desaparecer, agora,
Deste
presente. Tudo em mim,
Mistura
arábica
De
indefinido sexo e
Raiva
jacente – quanta
Amálgama
de fotogramas
É
exactamente desnecessária
Para
que a vida fique
Sem
legendas?
Sobre
a toalha, talheres inúteis
Para
dissecar
A
carne da ignorância, servida
Aos
convidados – hurra! – Aí vêm
Os
rapaces. Pois
Não
façam cerimónia, sirvam-se
Desta
refeição afinal principal,
Que
é composta por
Estes
bichos civilizados, imaginem
O
dia mais quente do ano
Calcinando
a mão
Que
tudo quer.
No
meio desta multidão,
Me
desvio a tempo
Da
tua melodia
Insistente.
Marca a rosa
Dos
ventos o oriente
Taciturno,
pousado, nos teus ombros.
O
realejo por ti tocado,
Se
converte em
Música
acidental, um sopro
De
espécie alguma
A
assorear
Esta
pele um pouco
Lenta
para ser
Traduzida
por um
Tambor.
Sou
também
Aquele
que vai
Esquecido,
desconcertado
No
banco de trás
Deste
veículo
Desgovernado.
Não
me canso,
Por
pedir repetitivamente
Para
que aumentem
O
volume ao som
Do
que dizem,
Instintivamente.
Finco o pé
No
tapete, abruptamente,
Omitindo
o que seja
Demasiadas
vezes.
É
também o melhor, dizem,
Este
lugar que me cedem,
Cínicos,
aqueles
Que
aguardam
Em
serena convulsão,
Espalhados
por quilómetros,
Na
berma da estrada sinuosa
Que
percorro
Impávido,
e me acenam
Com
o tom branco
Incomodado
com
O
vermelho cuspido
Pela
morte próxima – a que devo
Toda
esta solenidade?
Quando
parece ter chegado
Inadequado
fim,
Desato
a rigidez
Aos
músculos do corpo,
Pouso
a mão
Ao
lado do corpo, toco
Naquilo
que tomo
Como
o areal de um lugar
Que
não existe, e é
Tão
só
A
tua mão.
Estivadores
da melancolia,
Prestam
homenagem
Fingida
na soleira
Da
entrada. Impedem-se
Uns
aos outros, tantos
Como
os dedos
De
uma mão. E o cão
Acena
com a língua
Atiçada
aos tornozelos
De
um deles. Como as palavras
São
gravadas a quente
No
cunhal do edifício
Temporal.
Ao acaso,
Triangulações
espalhadas
Em
pontos escusados
Em
ignorar, apontados
Na
fina folha
Da
tua febre. A luz
Insuportável
pelo que
Amanhece.
Doente
Por
esgana, transmito
À
constelação turva
Do
teu olhar,
O
eclipse
Do
meu ser. Pelo nervo
Condutor,
se perde
A
nostalgia de um inverno
Anterior.
Pelo interior
Das
veias a descoberto.
Esta
porta é marcada
Com
um rectângulo
Branco.
Negra
Cruz
desenhada
A
tapar o olho de
Boi.
Morreu.
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