Começo
por dizer mão esticando-a
Buscando
fio azul,
Marcando
no chão em tosco
Da
memória engrossada
Metro
em metro, as idades
Tempo
para tanto,
Este
desvio
Comportamental.
Casamento
de conveniência,
Sonos
trocados se quebram
Na
aresta mais acidental
De
um rosto marmóreo,
Falsa
linha separando
A
abrupta liberdade,
Do
fosso onde se lança
Asa
à aventura
Dos
sons conhecidos, teu nome
Contra
a nudez
Da
pedra.
Iluminado
rosto emendado,
Troca-tintas,
Com
a mentira
Incendiária.
Se
confunde vontade com dever
Ser,
em um corpo absolutamente
Narcotizado.
Completamente doido,
Chicoteado
nas têmporas,
Quanta
música; quero
Que
sejas tu a pôr
A
rodar o disco
Da
Fortuna, no prato cheio
Da
Fuligem depositada, pura,
No
terreiro afectação
Pela
voragem de um vento
A
tempo, se levantando a poalha
De
um branco a branca, géneros
De
pele aberta, atacada
Por
bicho-da-seda, alfaiate
Do
pensar, em mar
Vago,
recuado
Até
caber num
Meio
copo.
Se
bebe o primeiro
Para
esquecer
Se
bebe o segundo
Para
não lembrar mais.
Não
o conheço
Só
corpo querendo
Tudo
atirar na cara, ao negro
Da
noite arrancar por baixo,
Única
demão
De
esmalte à mesma
Cor,
Um
a um, cada
Inerte
a desnivelar
Caminho
pela sombra
Perigosa,
exaltada, exalada
Por
tua boca, única
Nuvem
de ópio.
Mãos
de carvão desenham
O
círculo ateado ao gesto
Nada
significativo.
Apanhando
o sinal de sentido
Obrigatório
girá-lo
Desgovernadamente
na direcção
Que
já sabemos.
É
como diz o outro, tenho
Amigas
putas, por vezes
Bolsos
cheios de dinheiro
Por
queimar
No
interior do peito
Enquanto
arde,
Lhes
virando as costas.
Todo
consumo responsável
Por
fazer de mim:
Aquilo
que se não vê,
Alçado
do que fui
Tardoz
que serei,
Alguma
carne já separada
Da
idade que teria por certo,
Para
o talho da Ordem
De
tudo ditada.
Timidamente
sorri sempre
Não
sabendo onde largar
O
maxilar, tremendo
Na
oportunidade
De
outra boca.
Acerto
vagamente nos contornos
De
quem comigo esteve
Num
desses dias.
Que
maldade pede por favor
Depressa!
Estaremos a olhar
Fixamente
um outro
Corpo
para ocupar
Com
a negligência
De
quem não quer
A
coisa do AMANHÃ.
Sim,
é bonito conseguir
Uma
grama de favor,
Comprada
em mãos,
Com
os dólares do patrão
(num pulo ir
às casas de câmbio, ao Rossio)
Da
pequena secretária
Que tanto
gostava
De ser
enganada, e mesmo assim
Querer
subir ao último piso
Do edifício
onde trabalhava,
Fumar
crack pelo cachimbo,
Descer
à pressa as cuecas,
Não sabendo
o que primeiro deitar fora,
Se fumo
ou gemido,
Enquanto
levava com ele
Por trás,
volto atrás
Onde
dizia «Comprada
Em mãos»
ao
Dealer à paisana. «O Careca
É aqui!»
largado
O pregão
a partir
Das ombreiras
da porta
Onde
começa a rua
Onde
nos perdemos, perdemos pois
Assim
o jogo da compreensão
De tudo
o amor
Aos outros
que se perdem
De nós.
Voz grave,
«UGA!»
multiplicada
Lançada
contra as paredes,
Lá se
vai ele,
O dealer e um quarto
De grama
castanha,
Fechando-se
por dentro, por fora
Uma velha
casa
No Casal
Ventoso
Que não
existe já.
Um minuto
de vida, a morrer
Escorrer
para fora
Ressaca
que tudo compreende,
Não percebendo
ainda que, aquele,
Tal um
grande amor,
Hoje
não volta mais.
Pior.
Ir à pressa, febril
Atravessar
o rio
De cacilheiro
ou autocarro,
Roubar
o que tiver
De ser,
voltar a ter
Mais
cuidado
E apanhar
Na outra
mão o saco
Plástico,
minúsculo
Nó a
correr
Desatado,
o interior
Já se
vê daqui, é
Frágil
ruína.
Se dança
em todo o lado,
E ninguém
Se olha
nos olhos. Sim,
Sou louco.
Por querer te
Ver ao
perto
Sem farpela,
nua
Tonalidade
de pele, querendo lá
Saber
o que pensas ou
O que
vais dizer
A seguir.
Não batas
à porta, nunca
Cá estarei.
Mais tarde, sim,
Vos confesso,
um destes dias
Segurar-lhe-ei
na mão.
Polegar
e indicador apertam
Com a
força de um
Universo,
essa força instável
Pó ao
pó despejando
A vazadouro,
à superfície
Do tanque
autoclismo ou tampa
Da sanita,
a partir de
Aí alinhar
ao centro
As avenidas
da ânsia,
Engordando
aos olhos
Tamanhos.
Acertar
arestas à nota,
Enrolar
os rostos
Frente-e-verso
impressos
Em sujo
papiro
Destes
tempos, com precisão
Geométrica.
Levá-los
a ver rua,
Ordenando-os
à demolição
De todo
o edificado traçado
De impurezas.
Vir para
dentro, fechar
Qualquer
abertura de vão
Esquecido
A comunicar
para fora,
Ficar
num ponto determinado
Do
corredor escuro
À alma,
restando esperar
Senão
o estrondo do Universo
A se
estatelar sem barulho
Associado.
Descemos
a Santos,
Vamos
com pressa, não
Havendo
lugar
Exacto
onde
Chegar,
a esperar
Vê-la
àquela ou outra
Qualquer
em azul
Escarlate
ou escarlatina,
SIDA
ou outra
Morte
avulsa,
Vamos
a jogo à Roleta-
Russa,
atravessamos
De mãos
dadas
A Fronteira
somente
Imaginada
do tudo possível,
Aí nada
nos atinge de mal,
No buraco
onde tudo cabe
Supositório
dedo ou bala,
Me perguntas
o nome,
Esqueço
de to dizer,
Subimos
ao quarto,
Rendes
mais do que custas,
Tão ou
mais alterada
Que eu?
Enfias
a língua
Onde
caiba em mim,
Respondo
na mesma moeda,
Levando
à boca
Restos
de outros
A escorrer
por ti abaixo,
Te nascendo
Como
filhos sem pai,
De si
mesmos. Lava
Insana
mistura incerta
De droga
e sémen,
Rio a
penetrar o mar
Em frémito
usual.
Delito
narcótico, apontado
Golpe
baixo
À goela.
Mutação
de género,
Sensibilidade
arraçada
De todos
os sexos
Existindo,
a sair-me
Do orifício
ilógico
Duplicado
pelas bandas
Dos mamilos
entesados
Por todos
os ventos.
Verbos
na forma tentada,
Fornicação
sob o Céu
Infinitamente
Erógeno.
Largar
bilhetes encardidos
No colo
de alguém
Meu vizinho
no assento
Interior
do transporte público,
Enquanto
escorre fio,
Não parou
ainda,
Da loucura
ácida
Pelas
narinas, não se escondendo
O quanto
se é
Doente
por outros
Corpos.
Folha arrancada
De lugar
qualquer,
Escrita
à pressa
A dizer
número
A marcar
este é meu
Contacto
minha ânsia
Transformada
na voz, digo-te
Por poucas
palavras,
Por extenso
a elegia
Que sempre
ousaste querer
Estremecer
a ouvir
Voz onde
Se lê
«QUERO TE
FODER».
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