A concentração de todas as distracções: a maldade e o
vício, a plástica presença das mulheres. Os velhos dramas, e alguma maquinaria,
como local de todas as paixões. Esboça-se a construção do efeito, um universo
imaginário no mesmo ano dessa morte – o suicídio do único filho. Cresceu o
escritor numa vida movediça, conservado na sombra; justo ao corpo os seus
desejos: servir, enganar. Viagens, épocas inteiras. Traduzia em tanta maneira,
o horizonte com pseudónimo. Desastres – elegante filosofia, alguma coisa, ao
vento e ar livre tempo. Esfriam os dias, não saímos. Prazeres esperados,
prazeres; a prosa que tudo invade, razões tão sólidas. Limpidez nocturna,
inimitável dia – luzes que estimava. A morte no interior do estômago, a música,
um químico. Nesse tempo eu estava só; eu sozinho dizia chapéu, seguindo o meu
caminho pelas casas dentro, para qualquer coisa, para o chão, poucas vezes
alguém. Haver sido um nome, a inspiração; esperar o dia o dom quem sabe, o
olhar triste, indiferente pelo mesmo tempo. Deus moderno, instrumento de
proporções fantásticas. Pragas, aos incapazes de suspeitarem o corpo num espaço
menor. Cerrar o rumor para o lado oposto, no primeiro dia de frio. Meio anjo
armado, buliçoso, qualquer representação de princípio no dia imediato que
sobrevive a si próprio. A morte parecer-lhe-ia pouco, também o tempo, o traje
de seus lábios. A respiração e as vozes, excepcional vocação abalando o mundo.
Nenhuma alma, todas as imunidades. Mas ao contrário. A fisionomia imprudente
das manifestações sempre novas, as lágrimas aperfeiçoando. Febre-amarela,
implacável, transmitida à linha da sua mania. Um dia irreconciliável pode
dizer-se, levemente inclinado sobre a noite que noite, que noite!
Este céu não pode ser vosso, são as memórias que o dizem
sem voz, sem olhar, sacudindo o peso de acordar. De combinações engenhosas, a
doença sofre do tempo todo, a fantasia, incorrecções; o peito a sufocar de
preconceitos, impreteríveis diálogos. Todas as fatalidades, fogo em casa, o
pesadelo da vocação – todo o mal vem daí, ser grande, musical. A morte veio,
era um homem só em feitio, verdadeira figura desse naufrágio. Era a frase
final, para repetir até então a vida. A arte, a pior das coisas, nessas noites
sem coragem, como um homem qualquer. A propósito, o corpo não lhe há-de
crescer, não a tristeza e depois olhos de certo modo em sucessivas composições,
mil incertezas.
Pela rua, ao ir sem nome, faltou-lhe o sol. Um dia morre.
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