Este,
aquele e o outro – separados por dias, estranhos com cintura descaída. A orla dos
seus corpos, exposta às marés que nos sobrevivem, essa coisa de contornar. Outras
coisas que esquecemos e guardamos escondidas por detrás de um silêncio, uma
palavra incerta. Em nada pensar o mais próximo que se consiga disso, se assim
for, estimulado por palavras com dorso quente e olhar frio. Volume diáfano,
acidentado em altura. A perseguição que termina junto ao pontão que, ali, acaba
com os braços cortados à medida da pedra de fecho. Arrebatado pela alucinação
de um corpo só que persegue só um corpo, o seu passo impresso na aceleração do
chão que desaparece por baixo às roupas, os pulmões sem mais espaço para
correntes de ar. Pelo peito, uma dor cinzenta que se palpa de centímetro a
centímetro de segundo em segundo, o corpo mesmo de antes e o que fica para
depois sem ele mesmo. Dedilhares de cordas nos estendais, pelos nós dos dedos
do vento. Companhia para depois, a febre é um sol plano com que se limpa a
boca, e se divide em média extrema razão antes de a esquecer por completo. O
mesmo se te encontro, e pernoitamos. Outras vezes não é nada disto, e não me
importo por assim dizer. Um saxofone tocado de perto, afasta um batelão
desgovernado para a margem que não existe entre o que digo e não. Música presa
por corrente passa, estrangulada na ilharga apertada do meu entendimento de
tudo um pouco. Um número de variedades onde somos só nós e isso, apenas. Um
refúgio à vista de todos. Itinerário de arcadas e sumidouros, óleo de linhaça que
escorre pelas paredes apagando-nos o nome de uma ponta à outra. Tira-linhas que
suspendem o teu corpo para que coincida com o final do meu. Igreja com metade
do pé-direito regulamentado para a construção, um dia, da casa que nos é comum, frequentada
por outras pessoas que acreditam que o dia de ontem desapareceu sem explicação e
hoje é já outro o dia. A mesma porta para entrar e sair. Dias esquecidos, o
hálito a noite. Encontrões e o riso perdido de nervoso. Espécie de ausência, o lugar
marcado à mesa com um nome proibido, a domar um cavalo de papel branco. O
rescaldo demorado do incêndio dos teus olhos no meio do meu corpo. Melhor aqui
que na manhã desconhecida, aqui estou agora e te encontrei. Penso ainda um dia…copiar
o mal que encerras, levar nos braços o músculo do teu rosto quando me ofendes.
Abrir fendas ao corpo, por onde se infiltre o que sobrar dos outros. O ritual
do nada que é banal, quando se ouve a mesma canção abaixo e acima do equador. Maciça
em pele, a provocação de um corpo ligante com a matéria em pó dos nomes soterrados
com cal apagada. Incrustações de memórias, amarelecidas pelo manuseio
desregulado do corpo habitual. Despe-se uma fachada às borboletas e aos tiros
que se perdem, se em ti não acertam, corpo siderúrgico. Abandonado à raiva
afiada das palavras, levanto o horizonte à força de olhar. Distingo-te,
perfeita, na metade do que não existe mais.
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