sábado, 3 de outubro de 2015

DESEJADO. ROBOT BIMBY (O)





AQUI DEL(ETE)


Dito pelo não dito, se dá
O nevoeiro à pele. Quer dizer:
Afagar uma memória, no seu vidraço
Arrumado à mão. Uma
Mancha inexacta, não
Saber o sul ao corpo.
Dobrada a última aresta, à vista
Dessa mão que prolonga
A língua a que pertence um outro
Rosto. Faróis extintos, ou quase
Nenhuma é a luz por eles
Derramada. Da sua boca
Em vidro. Um contorno
Cinzento – não há outra cor
Que diga assim melhor
Um nevoeiro. Em espessura
Assenta um peito, range o ferro
Açoitado sem o ser, atado
Pelas águas. O verdugo de um navio
Emerge da profundidade, onde um peixe
Se esquece. Perturba-se, por uma
Espiral iniciada à mão, aflita
De direcção. Perde-se a noite,
Pela esquina sombreada
De memória, não um corpo
Que é sempre um lugar, para um
Deus arruaceiro.

Esquadrias de alfaiate, a tracejado
O caminho em branco esquecido
Pelos fundilhos da couraça, a identidade de um
Povo, em simultâneo
O coração se abre, a compasso
Dos tambores o transtorno
Pelo fim pergunta – O que faço aqui?

Pin-up até ao pescoço
Vestido, com teias litúrgicas se aperta
O nó górdio do mundo
Apenas imaginado. Transforma-se em areia, miragem
Cadenciada. Convulsão de abcessos
A céu aberto, as arestas se graduam
Em vidro, a paisagem se recicla
Pela máquina voraz
Do tempo assim medido.
O nevoeiro subtrai o homem
Pelos dedos, a criança que foi
Veloz. Pelo peito
O nevoeiro em repetição
De rostos, um esboço
Fendilhado, um continente
De tons entre nós – por nós
Continuam a cantar, em excesso
A tristeza é um amor
Arrastado até à cova
Dos olhos. Naturalmente
As pratas areadas pela mesma mão
A palavra, uma última
Vontade afastada pelos guindastes, nas margens
O corpo se eleva por cantos
Rígidos, os anjos são
Industriais afectados. Até ao óxido, se dividem
Pelo céu prometido.
O nevoeiro é roleta russa
Da vertigem, um espaço
À medida da bala nomeada
De memória, diversas vezes somos
Por ela assassinados. Escrito assim, por um
Aparo Fulminante. Somos
Pálidos da esperança, por nós
Em silêncio se altera
A bruma. Do esquecimento
Atiçado aos tornozelos, um dia
Que não existe.



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