sábado, 10 de junho de 2017

DÉCOR







Ensaio o tempo
Ficando. Falta
Ordenar a vida
Andando, passando
À frente.

As gentes desta hora
De vento, vindo
Contrárias. Sentidas.

Perder hoje, o corpo,
É criar
A condição perfeita, inalterável
Tempestade para a
Formação de um
Objecto pleno
De amor e marcas
De mão, transitando
A direcção dos olhos
Para nada
Ver, indiferente.

De qualquer forma articulando
A morte ao longo
De toda a criação, simples
Momento feito fuga
Entre cada um.

Ao último presente, ligar
A verdade. Apagar
A cal da memória
Com a rebentação
Nocturna, anterior
A ires ao largo,
Encontrando esse
Naufrágio diário,
Caso contrário…falta
A hoje um fim
A dar
Com pau.

Pode a expressão resultar
Vazia, à justa de um
Homem habitando
A circunferência do hábito.

Romper a violência
Do vazio, é
Tempo de dizer
Livre, carregado
Dessa tensão inflexível,
Quase final,
Com que se reveste
Um todo
Durante.

Aquele quem era tinha
Curto o exterior.

Responder desse modo
Brusco, funcional,
Com a narrativa rangendo
Automaticamente entredentes.

Erro original.

Imagens transitórias, desordenadas,
Reflectidas entre as chapas
Formando compartimento
Atravessado na garganta.

Nenhum mundo, o tempo.

Formas, sujeitos – o futuro
Da ideia. Ordem
Pré-estabelecida. E não
Há Deus que
Ponha ordem
Nisto. Vem
A lume, jogar
A feijões, ou não
Venhas.

Pago nessa moeda,
Para ver
O fim à linha.

Centradas, imagens e linha
Forçam o caminho
Do isolamento.

Pontos postos, triangulando
O lugar desaparecendo. Mais
A distância se equilibra,
Na estória de um
Horizonte.

Imensa cena
Onde se tropeça
A meio, atravessado
O entender, parando
A isso o sentido
Dado.

Uma conta mal feita. Um
Resultado esperado.

Tudo e outros, concorrendo
À anulação das páginas
Sobre isso, qualquer
Coisa.

Uma despedida,
Como sempre.

Atacaram, ontem ainda,
A normalidade. Um agente
Ficou ferido. Disseram que
Passou na televisão.

Bárbaros. Simples
Atenções dadas aos pormenores
Mínimos, encontros de sons
E palavras gritadas
À minha atenção. Me remeto
Ao silêncio, que o não é,
Enquanto a pedra for
Minha pele e por dentro
A raiva
Lume.

Nascido neutro
Noutra fase. Avançar,
Procurar perder
A razão. Despoletar
Em altura a cidade, livre
De especiarias e exemplos
De tempo. Ignorar o centro
Ao projectado, levar
A espuma que rebenta
Ao fundo
Da boca,
A ver o mar.

Ligar a Natureza
Que nos habita
Com esta
Língua de trapo,
Vestir o céu
A espaços,
Com faixas negras.

Amarar em doca seca
A última palavra.

Carregar o fardo
De palha d´aço e
Deixá-lo cair
A teus pés.

Carregas de tempestade
O que não compreendes.

Em minha defesa,
Te digo não, já
Volto daqui
A nada, quando
Já esteja
Bem passado.

Sua besta
Quadrada. Nada
Mais tenho
Para te dizer.

O tempo bom, é
Uma boca
Com mau-hálito
Numa cara laroca. Feio é,
Bonito lhe parece.

Alargo a fossa,
Para que nunca te falte
Nada e espaço
Para as tuas merdas.

Já te calavas. E paravas
Noutra divisão. Outro
Ser, agora. Aí em
Baixo.

Olhas para o perto
Dos lugares com cerca,
Sem continuidade. Não
Largas o baralho,
O seguras
Junto ao peito,
Indo aos poucos
Pescar mais
Algumas cartas
Ao monte delas,
Espalhadas desordenadamente
Ao teu lado
No sofá. Mudas
A carta da frente
Para o fim e
Isto durante
Algum tempo.

Estremecem minúsculos seres
No chão cinzento
Da apatia. Cruzas a pista
Às pernas, um pé
Ante o outro.

Chove, copiado
De outro tempo.

Vens descalça, respeitando
As linhas do mosaico. Traças tuas
Diagonais e um sorriso
Ancorados ao muro
Do meu ser.

Me procuras
O colo, estendes
Pernas para fora
Do nosso contorno,
Ao ouvido me dizes
Que nunca dás as costas
Ao corredor, muito menos
À porta de entrada
Na habitação.

Pousas o baralho
Na folha branca
Junto de nós,
Sobre a mesa. Ensaias
A cor de um tempo,
Instalas em mim
A confusão de um
Rosto que se apaga
Para dar lugar
Ao olhar sobre
Este nada. Verdade ou
Consequência.

Por debaixo ao mesmo
Vestido, aí entramos
A pés juntos.

Aproximas o rosto
Do chão, com ele
Formas um ângulo
Ausente. Provocas a esquina
Com a luz da
Tua nudez. Pregas alisadas
A duas mãos. Transmite-se
A outra face, ai de nós,
À lisura tosca
De uma superfície
Que nos ampara.

Emolduras os teus
Primeiros passos
Na direcção do que foi,
Dás umas quantas voltas
Ao coração, com fio
De nylon, corrompes
Essa pele mínima
Com bijuteria pesada. Alargas
O furo já feito; trespassas
A luz branca do projector
Com a mão livre,
Radiografas a bainha
Com motivos geométricos
Ao cortinado preso
À janela fechada
Para a rua. Redundante.

De costas voltadas,
Dispões as cadeiras
Que sobram à divisão;
Endireitas o espelho do tecto
Onde nos repetimos. Aí
Se prende, num dos vértices,
Um ramo de flores
De cabeça para baixo,
Secando ao ar.

Acendes de boca
A vela dos mortos
E um cigarro por favor
Para nós. Abres tiro
Aos pratos com o
Sapateado demente
Das tuas frases
Soltas. O animal
Estatelado, sendo eu,
Mais não é que
Uma falha no décor.

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