Deixo-me de fora, à mão. Escolho o ânimo para o dia
seguinte, a ver se combina com as outras roupas que dispo, desdobradas em
outros tantos de mim. A elas não as arrumo - mais vinco que bom corte -
deixo-as como me deixo, de fora das gavetas. Dentro destas gosto de arrumar
cheiros, golas com batom difícil e luvas de inverno passado. Um espaço vazio,
onde cabem estórias melhores, minhas e dos outros, todos aqueles que me
ajudaram a vestir parte do meu contorno. Dão-se todos tão bem com a madeira. Lá
fora, donde vens, fora deste lar geométrico onde me inscrevo, vivo no teu meio
e sou contigo nós no meio das árvores. Onde a nossa sombra é desenterrada, onde
encontro água à boca, onde somos firme raiz. Cresço contigo corpo, és terra
fértil. E percebo melhor as direcções para onde viras.
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