terça-feira, 3 de dezembro de 2013

DIRECÇÕES



Deixo-me de fora, à mão. Escolho o ânimo para o dia seguinte, a ver se combina com as outras roupas que dispo, desdobradas em outros tantos de mim. A elas não as arrumo - mais vinco que bom corte - deixo-as como me deixo, de fora das gavetas. Dentro destas gosto de arrumar cheiros, golas com batom difícil e luvas de inverno passado. Um espaço vazio, onde cabem estórias melhores, minhas e dos outros, todos aqueles que me ajudaram a vestir parte do meu contorno. Dão-se todos tão bem com a madeira. Lá fora, donde vens, fora deste lar geométrico onde me inscrevo, vivo no teu meio e sou contigo nós no meio das árvores. Onde a nossa sombra é desenterrada, onde encontro água à boca, onde somos firme raiz. Cresço contigo corpo, és terra fértil. E percebo melhor as direcções para onde viras.

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