quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

ESPUMA







Tenho de ser de algum lado, partir daí para outro lugar com céu por cima, se for ar o que respiro. Ou um palmo que seja, bem medido, de uma terra distante qualquer, um lugar ao alto numa escarpa calma, onde não exista sonho que perturbe o salto, que ali está um momento antes de a tua água ser minha superfície. Desço por um ombro teu – rocha parada – a mãos, um pé mais torto para ser-te suave fatalidade. Os teus lábios salgados, no meu peito aberto em tudo, são agora nada porque te encontro. Esquece o meio caminho, eu vou caminho inteiro. Nunca sei se espero mais, demasiado tempo em que me decido não sei se por ti, pela tua espuma. Pelos teus movimentos submersos à vista, um movimento violento no meu dorso. Absurdo contratempo, eu que não gosto de ser beira ao mar, onde nem sempre existes, de onde me arranco molusco e parto. Para o teu próximo lugar.

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