Tenho de ser de algum lado, partir daí para outro lugar
com céu por cima, se for ar o que respiro. Ou um palmo que seja, bem medido, de
uma terra distante qualquer, um lugar ao alto numa escarpa calma, onde não
exista sonho que perturbe o salto, que ali está um momento antes de a tua água
ser minha superfície. Desço por um ombro teu – rocha parada – a mãos, um pé
mais torto para ser-te suave fatalidade. Os teus lábios salgados, no meu peito
aberto em tudo, são agora nada porque te encontro. Esquece o meio caminho, eu
vou caminho inteiro. Nunca sei se espero mais, demasiado tempo em que me decido
não sei se por ti, pela tua espuma. Pelos teus movimentos submersos à vista, um
movimento violento no meu dorso. Absurdo contratempo, eu que não gosto de ser
beira ao mar, onde nem sempre existes, de onde me arranco molusco e parto. Para
o teu próximo lugar.
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