domingo, 19 de janeiro de 2014
ARTILHARIA
És um dos nomes – instrumento de força que origina defeitos – no lugar da cidade, por onde me neutralizo. Onde penso outros incompletos de apelido, outras recordações, cruzamentos, semáforos danificados na vez de uma pessoa. Esta luz apagada para dentro, a cor que sobra de um material escolhido mal. Pensar-te sombra numa parede, pensamento adiante intenção. Escutar-te diálogo onde nós calados, olhos desviados diagonal, acima de cada ombro aqui deslocado. O som do resto, vindo de fora. Sentir-te abraço – braço que não existe – inalcançável gesto, extensão de abandono. Gritar-te para o fundo da rua que é, paralelamente, o meu começo de dentro, alma colina acidentada. Caminhar por aí, perdido de ti, outras cabeças viradas à boca, longe, quando lhes pergunto pelo nome que fica de ti, pelo teu corpo sem lugar de antes, por agora, para depois. Este desenho das coisas, efémera colisão de traços personalidade, pontos de abstracção singular, chamados à sua vez, mesmo quando me não pareces destino. O teu nome de sempre na pedra, artilharia em número ímpar.
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