sexta-feira, 18 de outubro de 2013
AGITAÇÃO
Engulo perguntas inteiras, a seco, e pergunto sempre se há mais alguma. As conversas em que me arrasto gravam um sulco de incerteza no interlocutor mais próximo. O meu nome, chamado alto, por alguém que existe aqui. Ao lado. Não me digam nada, penso. Guardem tudo. Estalo os dedos da mão com impaciência, ao querer chamar a atenção de outra alma distraída. São as confidências de alguém, eu, que assume a outro que perdeu alguma coisa, algures. – Onde? A noite, aqui, ainda é uma esperança clara, do outro lado do vidro que me ocupa o horizonte. Passam poucas máquinas lá fora, parece que escondem-se da cidade, longe. Num qualquer subúrbio encantado, os seus condutores, protegem-se deles próprios com arame farpado imaginado, retorcido como distracção, no regresso diário à infelicidade. O anzol que mordo – que parecido – é o último botão que aperto na minha roupa. A minha boca fechada.
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