As
décadas degradam-se no meu corpo, desenvolvendo dias decisivos. Um descontrolo
que mantenho entubado, por onde circula o meu líquido optimista. Este conceito,
em tamanho, aplica-se sintético como um vício terapêutico. Uma doença não
reconhecida pelo organismo, orientado que está para a eternidade. Uma
quantidade reduzida de corpo – uma partícula aberta a outros corpos – ávido de
infecções para o futuro. O corpo que está debaixo da vontade, discreto, é
indiferente às montanhas preservadas pela neve, que o ferem com uma paisagem
profunda, numa distância indiferente. A casa do corpo é no início das escadas,
uma droga orientada para o esquecimento do mar, cantado desde sempre pelos
bárbaros orgulhosos dos seus temperos de morte imputada. Tenho hoje uma idade
certa, um desaparecimento adiado para não sei quando, autónomo na agenda. E
vivo uma vez impossível, vestido com tecidos danificados. Ligo-me aos outros
como um órgão, uma parte natural, automática, do meio à volta. A minha reacção,
quando cercado, é artificial. Reproduzo outros iguais a mim, réplicas tantas
vezes aumentadas, quantos os inimigos. Um feito espectacular, raiva avulsa, num
corpo que é humano onde for necessário.
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