domingo, 20 de outubro de 2013
PASSAGEIRO
Sou, às vezes, o som que faço. Quando a respiração é já estridência. Sossego em surdez, junto de outro com o mesmo grito. Grito àquele que pouca voz tem. Sou um instrumento mal afinado, deixo as cordas partirem com facilidade. Onde vou bater por último, senão na madeira. Componho assim, uma marcha fúnebre por cada sugestão de óbito, se tusso demasiado. Mando tocar os tambores, se observo o voo de um corvo aflito, sem barulho. O som dos carris deste comboio, na velocidade máxima permitida, é a música da viagem curta, a pauta harmoniosa do caos. O meu transporte, desloca-se numa afinação distorcida, para a porta seguinte. E já quase não fazem ruído, estas portas. São árvores poupadas à sinfonia da destruição. São portas de vidros automáticos, demasiado atentos ao fundo do corredor. Abrem logo, quando ainda sou horizonte. A voz no altifalante, pede a minha atenção. Vou distraído.
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