Uma noite alta de chamas apanha-me já a arder. Um fogo
ateado rente aos cabelos, ausentes para festas neste Agosto. Foram embora para
ser milho na cabeça da terra, um campo esventrado, habituados que estão a
instrumentos de lavoura mecânicos, curtos, oleados daquela esperança em crescer
outra vez. Nascidos, estão habituados. Sobra uma madeixa rejeitada, adoptada
pelo vento que a acende, espalhando através dela a fagulha, esse inferno bebé
antes de ser chama adulta. Alastrada esta idade maior para uma fome de coisa
seca, atravessa sempre a estrada sem olhar antes para os dois lados, tomando as
aves como nuvens baixas. Deseja-lhes as asas para uma queimada descontrolada de
final de tarde, onde o suor é também combustível, escorrendo do teu telhado
poupado ao meu fogo. Com os braços abro a clareira na manhã seguinte,
controlada que está a febre da noite, com a almofada molhada do pesadelo de
água fria a que volto sempre. Sou um estado latente, um pedaço de carvão.
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