As portas deste mundo em que toco, são escritas a
vermelho. Em inglês pequeno. As mãos que as abrem agarram também a música,
enquanto a noite quadrada ainda tem barriga para mais um vulto vestido de
homem. O Jim é negro na roupa, mas por dentro pintava-se de tudo. O cordão
umbilical dos sons nascidos prematuros em cima do palco, curto, é suficiente
para o ligar aos primeiros tambores. Essa percussão atómica, tocada com mãos
suaves na Costa do Marfim que o teu sorriso mostra, quando tens uns
auscultadores colocados. A pele dos instrumentos, esticadas sobre uns joelhos
dobrados para a paciência artesanal das melodias que vão ficar coladas,
residentes, nos nossos ouvidos de mercador. Capas de corpos festivos, cobertos
por linhas coloridas, tecidas por peixes costureiros. Aviadores duros de roer,
da palheta partida numa mudança de direcção abrupta, sónica, sorriem quase nada
para a fotografia de grupo no início da viagem. São os templos tornados cais de
embarque para veículos voadores, iluminados por holofotes com o nome gravado na
pedra das suas bases. Compra-se o bilhete para o autocarro guiado por pneus
carecas, a caminho deste mundo louco, combatido por um coração grande de leão.
Os faróis vão apagados, que há luz farta por entre os troncos que são o teu
cabelo. E o horizonte, sempre ele, agarrado para mais perto pelas pegas de mala
de viagem avulsas, sempre umas a mais, para quem lhe quiser tomar o caminho. O
tempo não se esgota nas cores vivas, misturadas num jogo, com os ídolos com
braços a mais a jogarem fora baralhos de cartas do mesmo naipe. Juntam-se num
vermelho, naquela banda dos barulhos bons das guitarras assanhadas e mantras
roucos da desordem anunciada. Poses beatas nos rostos, de quem presta
vassalagem a rainhas mortas nos jardins da parada cardíaca. Construções com
arcos de pedra solta, sobre essas cabeças de jovens para sempre, vestidos com
corações bordados, muitos, para que nunca se perca uma batida. Cigarros acesos
por cima da pólvora seca da pose, atirados à cara do fotógrafo. Infames na
conversa de cordel comprado numa retrosaria barata de bairro já demolido. Lads Club. O galo negro interroga-se
para onde aponta a seta, ao mesmo tempo que liberta o som preso num coração
amarelo, bicado por uns pássaros estrábicos que comem alpista com formas de
notas musicais. Estátuas do bom senso a três, tapadas abaixo dos órgãos sexuais,
para que não se vejam as varizes, calçadas com peúgas na mesma cor dessas
pernas paradas. Comem a uva e a grainha, e acendem velas à nossa senhora da
ferradura. Calçados, dançam.
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