Imagino
o percurso de tubos drenantes desde a mão em falta, triturada em mais pequena
por conveniência. O meu piano é um xilofone arrumado e toco-lhe só com um dedo.
Os quatro que restam, agarram com a vida uma pena e outro, alguém, segura o
tinteiro quando preciso. – É raro! Procuro
a redução dos espaços em que me vou encontrando, decidido, a multiplicar. O
corpo é vasto, uma coisa difícil em cubos mas razoável no volume de imersão, no
qual posso derramar líquidos a gosto acima da cabeça e ficar à espera da voz
que me aterroriza. A mesma que me sussurra ao ouvido todos os minutos em que a
percebo – Não te preocupes com nada! E
muito menos com a música. A seguir cala-se e morre, mas só três dias.
Depois volta envergonhada, dançando comigo com as mãos que não tenho nos
bolsos, e empurra morcegos para longe. Estes, insatisfeitos, proclamam um
escuro intermitente com faróis de nevoeiro parados à nossa frente. – Queres mesmo falar de coisas que fazíamos e
agora não? Antes dizer os beijos em fardos de palha com aparelhos cravados
na gengiva. Só ela, sem marfim, pois basto-me com pestanas nervosas encostadas
no meu peito. – Não admira! Adoram
uma festa surpresa, uma boa impressão da tua figura pequena também à mão, a
partir vidros à passagem por portas quietas. Estas sabem estar e até têm um
puxador de prevenção. Pois cuido sempre das tuas mãos lindas, em que só as veias
secam. Uma pigmentação decomposta em cores daltónicas. Tudo o resto que é um
corpo, repousa num só pé a prometer caminhadas. Rostos com diversos perfis embalsamados
com poses perfeitas. Ataduras com mantas frias de fio artificial não combustível.
Logo eu que adoro fogueiras à porta de casa, cada dia um tapete de boas vindas.
As portas abrem-se mas só um suficiente de bota enriquecida com todos os
azeites. Um aço temperado com um ciúme velho que ficou com o teu quarto, vazio
de cadeiras. Gémeos errados, levados à nascença pela Esperança, acomodam-se e
pedem que comeces sem eles. Já havia começado, mas estava distraído. A cabeça,
primeiro que a roupa. São estas paredes uma camisa estranha, e foram já
lisas. Caminho com pendente, sempre de gravidade para o chão e atritos zero
quando bons. Nelas, as paredes, depositam-se agora todo o tipo de rins, como
mexilhões exaustos do mar aberto. Cada curva mal apertada é um ponto de
inflexão, e o destino nunca o sabe. Por vezes são surpresas agradáveis, como
esta câmara de gás a que cheguei. Localização óptima, de passagem. Uma gare
rodoviária como sempre quis. Um passatempo em que troco meios pensamentos por
bagagem, a ver se me servem roupas de outros. Só aproveito as interiores, que
as outras parecem-me demasiado pessoais.
Sem comentários:
Enviar um comentário