sábado, 8 de junho de 2013

FEL SO GOOD





Imagino o percurso de tubos drenantes desde a mão em falta, triturada em mais pequena por conveniência. O meu piano é um xilofone arrumado e toco-lhe só com um dedo. Os quatro que restam, agarram com a vida uma pena e outro, alguém, segura o tinteiro quando preciso. – É raro!  Procuro a redução dos espaços em que me vou encontrando, decidido, a multiplicar. O corpo é vasto, uma coisa difícil em cubos mas razoável no volume de imersão, no qual posso derramar líquidos a gosto acima da cabeça e ficar à espera da voz que me aterroriza. A mesma que me sussurra ao ouvido todos os minutos em que a percebo – Não te preocupes com nada! E muito menos com a música. A seguir cala-se e morre, mas só três dias. Depois volta envergonhada, dançando comigo com as mãos que não tenho nos bolsos, e empurra morcegos para longe. Estes, insatisfeitos, proclamam um escuro intermitente com faróis de nevoeiro parados à nossa frente. – Queres mesmo falar de coisas que fazíamos e agora não? Antes dizer os beijos em fardos de palha com aparelhos cravados na gengiva. Só ela, sem marfim, pois basto-me com pestanas nervosas encostadas no meu peito. – Não admira! Adoram uma festa surpresa, uma boa impressão da tua figura pequena também à mão, a partir vidros à passagem por portas quietas. Estas sabem estar e até têm um puxador de prevenção. Pois cuido sempre das tuas mãos lindas, em que só as veias secam. Uma pigmentação decomposta em cores daltónicas. Tudo o resto que é um corpo, repousa num só pé a prometer caminhadas. Rostos com diversos perfis embalsamados com poses perfeitas. Ataduras com mantas frias de fio artificial não combustível. Logo eu que adoro fogueiras à porta de casa, cada dia um tapete de boas vindas. As portas abrem-se mas só um suficiente de bota enriquecida com todos os azeites. Um aço temperado com um ciúme velho que ficou com o teu quarto, vazio de cadeiras. Gémeos errados, levados à nascença pela Esperança, acomodam-se e pedem que comeces sem eles. Já havia começado, mas estava distraído. A cabeça, primeiro que a roupa. São estas paredes uma camisa estranha, e foram já lisas. Caminho com pendente, sempre de gravidade para o chão e atritos zero quando bons. Nelas, as paredes, depositam-se agora todo o tipo de rins, como mexilhões exaustos do mar aberto. Cada curva mal apertada é um ponto de inflexão, e o destino nunca o sabe. Por vezes são surpresas agradáveis, como esta câmara de gás a que cheguei. Localização óptima, de passagem. Uma gare rodoviária como sempre quis. Um passatempo em que troco meios pensamentos por bagagem, a ver se me servem roupas de outros. Só aproveito as interiores, que as outras parecem-me demasiado pessoais.

Sem comentários:

Enviar um comentário