sexta-feira, 20 de setembro de 2013

DEVANEIO




Aqui, quase ninguém procura.
É uma zona de tudo, um suspiro.
Devagar, é um sonho.
A cama é banheira para uma barata, apanhada desprevenida com a velocidade turva dos pensamentos.
Vão no vapor, sem janelas, e falam muito.
Não se dorme bem, que a luz acende-se e apaga-se demasiadas vezes.
Aqui, não toco em nada.
Limpo só o que sujo.
São bichos, muitos bichos, uma família espalhada num tapete antigo, e ocupam o tempo todo que isto dura.
 A sobreviver, a não deixar passar nada.
Quero saber mais, perguntar pelo nome de mais alguém.
Conhecer o erro do sorriso ao olhar para um anjo mecanizado, solto no seu eixo.
Que roda.
Roda à volta do que suponho, e suponho que há outro lado.
Uma sala cheia com roupas, para que se cubra depressa a vergonha.
A vergonha que é pensar, e sentir-me melhor com a minha respiração.
Eu procuro, e não sei há quanto tempo.
Se uma noite devagar, ou uma vida rápida.
Se nos vemos sem nada, é uma preocupação.
Com isto, e não parece grande.
O tempo de olhar para o outro.
Uma ideia boa do mal, inspiração.
Vem muita luz com os primeiros candeeiros.
Vou andar às voltas a noite toda, a tocar no profundo do dia domado.
Sou outro, porque não sei.
Quem virá à porta, quando a mão conhecer a madeira?
Um presente, uma bênção.
Um deus inacreditável, como sempre.
Diverti-me muito a ver-te, mas não te disse uma coisa.
É isto que faz o sonho.

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