as
cordas esticadas
são
dedos planos
há
falta da carne mínima
para
serem corpo
pousam
esses dedos
num
engano de horizonte
sem
cor
vêm
de uma estátua nua
cabelo
com franja aparada
acima
do cansaço
costas
viradas à madeira barulhenta
a
seus pés, cera fria
derramada
na insónia
por
cima do estômago
a
ver se engana a fome
de
almofadas perfumadas
o
piano é uma companhia
e
quase não ocupa o canto
diminuído
de notas
é
cómoda para a solidão emoldurada
as
flores são livres lá fora
como
sombras poupadas à noite
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