segunda-feira, 2 de setembro de 2013

DEDOS PLANOS



as cordas esticadas
são dedos planos
há falta da carne mínima
para serem corpo

pousam esses dedos
num engano de horizonte
sem cor

vêm de uma estátua nua
cabelo com franja aparada
acima do cansaço
costas viradas à madeira barulhenta

a seus pés, cera fria
derramada na insónia
por cima do estômago
a ver se engana a fome
de almofadas perfumadas

o piano é uma companhia
e quase não ocupa o canto
diminuído de notas
é cómoda para a solidão emoldurada

as flores são livres lá fora
como sombras poupadas à noite

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