segunda-feira, 30 de setembro de 2013

PLANO



Não estou habituado a sentir um distúrbio emocional, todos os dias. Estou, mas nunca me lembro, e zango-me sempre. Por me esquecer que as nuvens, por vezes, passam com um desenho de caracol arrastado, onde me sento numa posição de reflexão, afastado para as alturas como elas, nuvens. As calças que visto, parece que me apertam mais nuns dias do que noutros, e já não como assim tanta carne. As luzes, intensas demais. O mundo roda numa velocidade de tortura, e quando pára, o chão torna-se o único lugar confortável. Um aperto de mão solto, quase força nenhuma nos ossos, que dou entre as minhas duas mãos, num compromisso instável. A caminho do estrangeiro, essas pessoas de fora, todas minhas, tudo eu, exposto aos elementos, imperturbáveis na sua violência. Ao teu sorriso. Olho, quando me deixam, por cima do nível da água que me pinta de roxo os lábios. Pareço feliz nos olhos, ao esboçar um cumprimento ao outro, desconhecido. Essa mesma água, um plano recto, que me encobre os pés. Pisam outro chão, instável como os passos que desenham, e é lodo. 

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