quinta-feira, 30 de maio de 2013

SUBÚRBIO CONSENTIDO



Sinto-me rouco às vezes e como
vizinha tenho uma rotunda.
À volta dela, muitos
passos para fora.
Tenho a cabeça a jeito de rodas
vivas e não só.
No fundo é um círculo
fechado e bastante.
A vantagem é ter currículos diversos.
Métodos sem saída em pasta
com elásticos.
A palavra antes e depois, martelada
de forma tosca e por aproximação.
As mãos protegidas das facas dela
com luvas de pele soldada.
Rasgam à sorte, mas antes assim.
Tenho bolsos com borbotos
e um volante de muitos.
Ouço mais passos e gostava
que passassem de uma vez
só.
Empilho vermelhos sempre
a mesma cor que não desbota.
Mais ao longe é atrás
e da mesma rotunda sai.
Um sinal que, encavalitado, é dois.
Primeiro a farmácia é
um símbolo, uma cor diferente.
Para o mesmo sítio
dirigem-se cães dados a
trelas com sacos a dizer
escola.
À direita mais movimento e uma greve
passada com o tempo contado.
Pescoços do ócio concorrem entre si
ao bocejo e ditos de boca.
Já são alguns.
Apanham o lixo às claras.
Um brinco e testemunhas.
Para a tinta vêm sempre
números e não sei quantos.
Não conto com isso, mas aparecem.
Fios de aprumo e paciência
de papel enrolado e bem.
O desconforto é um casaco atrás
das janelas, sombras e olhos
reflectidos em cristaleiras
estilhaçadas com vidros
bem cortados, servem-se
a gosto de cordas e mãos
manietadas pelo crochet.
As garrafas não se usam, bebem-se.

E a rua já acabou.

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