segunda-feira, 13 de maio de 2013

UMA GASOSA À PARTE

Desço do aparelho.
Ainda a latejar, da viagem alta acima do equador dos nervos; e sinto o alcatrão a acomodar-se ao meu esqueleto de inverno.
Bem-vindo a onde não és desejado.
Não é por ti, é pelos teus; eu que não tenho nada, só cervical.
Estado: gasoso.
Estudo: antropológico.
Entrudo: adequado.
Vim de camisa desapertada, à justa da minha impaciência em resolver mais um assunto.
Que deles – para resolver – fazemos a nossa fome de esperança.
É preciso não soluçar em prantos de pardos; poupas os tecidos.
A placa de pressão é sensível, basta uma unha.
O despertador favorece o nosso melhor, de perfil; é onde estivermos.
Estes degraus que desço, apoiados em rodas estáveis da paralisia, são demasiados em altura.
- Parece-me.
Vai com cuidado, apressa-te.
O último a chegar tem uma má ideia.
Não fazia outra.
Mas por questão impessoal, acendo um cigarro em cronómetro; e ali ao lado tanto combustível.
Pensa-se que seja tudo para arder, em cisternas estanques.
A estrada empresta o pó; pólvora seca em timbrados de rastilho.
Os segundos da hora com desconto, são sempre hesitação.
E a explosão em hipótese, tão vívida.
Antecipas um animatógrafo de gente cheia pelos ares.
Mais uma vez o rastilho, sempre ele.
E a falta dele.
Acondicionado em bagaço justo, dentro de um tupperware.
Jóias de família; tanto plástico daria para uma ilha – á deriva – de reuniões com todos os inscritos em tribunais da paz julgada.
Aparentemente translúcidos; quase os consegues ver por trás das costas.
Mas só os herméticos, que não te deixam fugir.
Como o tupperware daquela menina que vinha sentada, descansada no seu alvoroço de primavera, quatro cadeiras em avanço.
Trazia com ela – a sufocar – um bebé confortável; vinha também ele em segunda, mas absorto, a observar as tristezas escavadas na argila das caras passageiras.
O pressentimento. Esse, domesticado.
No alfinete de segurança que trago para as longas viagens, não vá ficar indevidamente excitado.

Cuspir fogo é fácil; o complicado é faltar a gasolina.

O avião estacionado, e mal, na pista. Continua a trabalhar.
Escapa-me.
- Vai a algum lado que não seja daqui a pouco?
Próprio das máquinas; que o despertador, também máquina, não os apressa nem arrefece.
Funciona melhor assim; em rede desatada nas pontas, soltas em crochet.

Eu acho que disse, acima destas, uma frase ou só o conceito: má ideia!
Pois tenho à minha frente um prestável funcionário em florescente.
- Não se importa de apagar? Ele, de fino corte.
Eu, em bombeiro involuntário: - Sim, é já depois do adiar.
- Isto aqui é só motor! Ele, no recorte; para alguém que não eu.
Não deixo, não estou.
Ainda vou a tempo, o que é melhor.
Atira-me a última hipótese, em extensões de cabelo.
Indica, com ares de lanterna, o caminho a seguir.
Como é preciso e eu também.
À minha frente, um autocarro geométrico de roda dentada.
Com a porta quase a fechar, em suporte de vida útil.
Quatro pistas; voz e guitarra. Batuques a dobrar.
Cabeças de Medusa, nas janelas todas.
E chamam-me, quase ao mesmo tempo desafinadas.
Pisco o olho.
- Vou já.

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