O
meu coração está embrulhado num cobertor pequeno, de medidas iguais no seu
contorno, em cima da cama que está no mesmo sítio onde a deixo todos os dias.
É um quadrado cor de laranja onde cabe tudo o que é meiguice. Também um ursinho
bonacheirão, que parece piscar o olho e sossegar-me. Que está tudo bem
debaixo daquele pêlo, a que ele também pertence. Um quadrado animado pelo respirar
da pureza, e do qual sai um braço para fora das suas medidas. Perfeito na sua
miniatura de afago, e em que conto uma mão aberta para as borboletas que
queiram entrar, pela janela que deixo aberta para a frente. Um amor grande num
corpo ainda pequeno, que se ajeita conforme o vento lhe bata do lado esquerdo
ou do direito, alimentando como água nascente aqueles caracóis que são raízes. De
uma árvore quase acabada de plantar, mas que tem já todos os pássaros que quer
a cantar para ela. Ensaio uma dança nos seus olhos, que irão abrir num
instante, acompanhados de um choro que reclama beijos repenicados e bater de
asas. Dos pássaros dela. Meus.
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