São
12h53.
A
minha gripe chega a uma hora decente, a tempo de um chá adocicado com cefaleia.
Sinto uma antecipação do mal-estar que me está reservado – comum a qualquer
enfermidade – com rédeas curtas neste corpo. – Parece que só tem aquela atenção! As coisas belas da vista, são
afastadas para posições sexuais difíceis, longe do agora e próximas de lenços
de papel. Olho para os objectos, mas eles parecem fazer uma pausa estudada. O
esforço para ir até um pensamento racional de ontem, torna-se uma aspirina difícil
de engolir. A culpa, assumo-a toda, e digo para quem me quiser ouvir, que isto
de tirar moldes do tamanho dos pés é uma arte em desuso. Não é que seja errado
continuar um ofício perdido nos tempos, mas convém que o seja longe de janelas
abertas para o frio da noite. Estou doente, mas com o orgulho seco. E substituo
a cruz vazia que tenho por cima do meu colchão, por duas formas em pele de
solas, que apontam o caminho. Estão
presas por pregos que são também eixos de rotação, e vão servir para a brincadeira
que é rodar as manhãs, e ver para que direcções apontam aqueles pés mal
recortados. No chão, ao lado do copo de água que me hidrata o sono, guardo agora
um saco de plástico enorme, com rasgos que me cabem nos ombros. É um projecto
de amortecedor que vou abrir, caso aqueles pés apontem para a janela.
Ainda
é um segundo andar.
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